Tecto em estilo mudéjar na Casa de Pilatos em Sevilha
“Em 1535, exagerando nas cores, o humanista flamengo Nicolau Clenardo registava a importância e a concomitância da escravidão moura e negro-africana: Os escravos pululam por toda a parte. Todo o serviço é feito por negros e mouros cativos. Portugal está a abarrotar com essa raça de gente. Estou quase em crer que só em Lisboa há mais escravos e escravas que portugueses de condição.” (MAESTRI, 2006, p. 105)
A afirmação de Clenardo, apesar de exagerada, já que se estima que a população escrava na Lisboa quinhentista seria de cerca de 10% do total de habitantes, retrata bem o peso que escravatura tinha na sociedade portuguesa da época. Iniciada com a escravidão dos antigos mudéjares, tornados mouriscos com a obrigatoriedade de conversão ao cristianismo, alargada com os milhares de mouros cativos escravizados nos campos de Marrocos e na guerra do corso, e finalmente ampliada aos habitantes da Africa subsariana, o negócio da escravatura torna-se uma imagem de marca de Portugal nos primórdios da expansão em Africa.
Mouros ou Mouros Cativos, assim se chamavam os escravos, e daí a expressão trabalhar como um Mouro. Eram Mouros Negros ou Mouros Pretos, conforme fossem originários do Norte de Africa ou da Africa Subsariana. Continue Reading