O Vale de Tigrigra, entre El Hajeb e Azrou, local conhecido como “Paisagem de Ito”
“Os irumin (1) vieram, beberam na fonte do carvalho
Eles não têm medo, instalaram-se com cavalos e tendas
E dizem (às mulheres): seremos vizinhos!
Levanta-te Tuda, chama Izza e Itto
Cabe às mulheres pegar em armas
Mesmo que os homens sejam numerosos, é como se não existissem”
Poema amazigh encorajando as mulheres do Médio Atlas a pegar em armas contra os franceses (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
A poesia Amazigh (2) vem sendo preservada ao longo dos tempos através de um processo de transmissão oral, levado a cabo por homens mais ou menos iletrados que, percorrendo as aldeias e áreas rurais, levam até aos seus habitantes mais simples os saberes e fundamentos da cultura popular. São os “poetas da tribo”, que fortalecem os elos entre os seus membros, contribuindo para o reforço da sua identidade e ajudando a ultrapassar as dificuldades colectivas. Exaltam a coragem dos seus heróis, dão corpo aos rituais que celebram os acontecimentos do dia-a-dia e os ciclos da natureza.
Arredores de Azrou
A chamada “pacificação do Médio Atlas” levada a cabo pelos franceses no seguimento da “legitimidade colonial” saída da conferência de Algeciras de 1906 para a ocupação de Marrocos, encontra-se documentada em inúmeras poesias imazighen, que dão a conhecer a versão da história contada pelas populações resistentes.
“Eu sou poeta, ó Imazigehn, o que me proíbe de mentir
Tenho o direito e o dever de falar quando a discórdia me assalta
Sou como um sábio, apenas é diferente a nossa linguagem.
Se o poeta fala, é porque sabe o que Deus lhe deu
Quando se põe a discursar é como se recitasse o Alcorão.
Coloquei a informação dos países nos jornais
Tomem a minha palavra. Ela é amazigh…
Tomem a minha palavra, ó homens, ela é a verdade
Se eu tivesse desaparecido nesse dia para o túmulo
Quem protegeria agora dos lobos a tribo dos Ait Yussi?
Eu vou-vos contar, sem me cansar, o que Marrocos suportou quando foi vencido
Quando tu eras, ó chumbo, como chuva para os que nada tinham para ripostar
Vocês apenas disseram, ó patriotas: liberdade ou nada seremos
Vamos esquecer aqueles que legaram a honra aos que nada fizeram?”
Poema amazigh (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
As principais tribos do Médio Atlas e da Chaouia
Os Zayanes, Zayanis ou Izayane na língua Tamazight (3), também chamados de Ait Lahcen Ousaid, são uma confederação de tribos do Médio Atlas, cujo “país” se situa na bacia do Rio Oum Erbia, estendendo-se desde a floresta de cedros de Ajdir até a Boujaad, fronteira com as tribos arabófonas. São nómadas, transportando os seus rebanhos do Jbel (montanha), onde passam a estação quente, para o Azaghar (planície), onde passam a estação fria. A capital dos Zayanes é a cidade de Khenifra “Lhamra”, a Vermelha, assim chamada devido à coloração da terra.
Mohammed Ouhammou Azayi, vulgarmente conhecido por Hamou Zayani ou simplesmente Moha, pertencia à tribo Ait Said Ou Ichou, uma das cinco que compõem a federação Ait Harkat, por sua vez uma das oito que integram a confederação Izayane. Moha nasceu no ano de 1863, substituíndo o seu irmão como chefe dos Zayane com 20 anos de idade, sendo reconhecido como Caid pelo sultão Hassan I quatro anos depois. Foi um chefe de grande prestígio e influência, administrando um dos territórios mais ricos e cobiçados de Marrocos. Rico em reservas de água, em florestas e composto por terras de grande potencial agricola. A sua importância como chefe tribal está patente nos vários casamentos que celebra com mulheres de outras tribos, constituindo alianças significativas, como por exemplo com Tihihit da tribo Haha (do Alto Atlas) ou com uma Fassia (mulher de Fez), por iniciativa do próprio sultão Mulay Slimane.
“A nossa pátria, que os leopardos nos legaram com orgulho,
Nunca será dos que rezam por Satã.
Mesmo se eles me matarem durante o dia, à noite o meu eco vai caçá-los”
Poema amazigh (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
A oposição que Hamou Zayani move à ocupação francesa origina a sua perseguição, passando a viver escondido. A sua mulher Ito seria o elo de ligação entre Hamou e os restantes guerrilheiros Zayanis, transmitindo-lhes as ordens do seu líder, para além de lhe levar mantimentos e munições. Ito cumpre o papel histórico activo das mulheres amazigh na resistência à ocupação francesa, muitas vezes participando directamente nas batalhas travadas, carregando as espingardas e incentivando os homens com os seus gritos.
As mulheres amazigh ficaram inclusivamente célebres por pintarem os desertores dos combates com henna (4) e abandonarem os seus próprios maridos colaboracionistas.
Guerrilheiros Imazighen
“Nenhuma tribo se juntou a nós sem ter sido previamente vencida pela armas, escreveu o general Augustin Guillaume, evocando as 340 tribos e a interminável pacificação que custaria 60.000 homens ao exército francês.” (WIKIPEDIA, “Bataille d’Elhri”)
O desembarque francês em Casablanca em 1907 marca o início da ocupação de Marrocos pelo exércio colonial, no âmbito da qual se levou a cabo a chamada “pacificação das tribos”, que se prolongou até 1934. A conquista do “Marrocos Central” era encarada pelo governador, General Lyautey, como fundamental para a afirmação da unidade territorial do protectorado francês, ligando o Norte e o Sul do país, para alé de constituir uma importante fonte de recursos agrícolas.
No início de 1908 os franceses iniciam a conquista da Chaouia, que culmina com a tomada de Tadla em 19 de Junho. O exército colonial francês ou Exército de Africa, era bastante heterogéneo, contando com tropas regulares francesas, com a temível Legião Estrangeira, com os regimentos mistos de Zouaves (5), e com regimentos de forças indígenas enquadrados por oficiais franceses, como eram os regimentos de atiradores senegaleses, argelinos e tunisinos, os regimentos de cavalaria Spahis (6) e os Goumiers (7) ou Harkas marroquinos.
Uniformes do Exército de Africa : Zouave, spahi, atirador argelino, atirador senegalês, atirador marroquino e legionário
“Fez chama por socorro
Sim, ela chama por socorro.
Vão, gente do Gharb,
Que os lobos não escapem”
Poema amazigh (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
Hamou Zayani participa em diversos combates contra o ocupante francês na Chaouia. Logo no ano de 1908 contra o general Drude e Albert d’Amade nos arredores de Casablanca e durante a batalha de Mediouna. Em 1911 intervem ao lado de Mohamed Hammoucha, Caid dos Ait Ndir, contra a ofensiva do General Moinier sobre Fez. Em 1913 ataca as forças do Coronel Mangin o “carniceiro” na batalha de Ouargous em Oued Zem e ao lado de Moha Ousaid Ouerra contra as tropas do Comadante Aubert em Tadla.
A tomada de Kasba Tadla abre caminho à ofensiva contra o Médio Atlas e contra a capital dos Zayane, Khenifra. O general Paul Prosper Henrys, responsável por essa operação, organiza o ataque através de três colunas, num total de 14.000 homens : a primeira, comandada pelo tenente-coronel Henri Claudel parte de Meknes via Azrou, a segunda parte de Rabat sob o comando de Guillaume Cros pela estrada de Oulmès e a terceira parte de Tadla comandada por Garnier-Duplessis.
A 12 de Junho de 1914 Khenifra é conquistada, mas Moha abandona a cidade antes da chegada dos franceses, retirando para as montanhas. A retirada de Hamou Zayani de Khenifra foi estratégica, já que a defesa da cidade era praticamente impossível contra o poderio das forças invasoras e levaria ao massacre dos seus habitantes. Ao retirar, Moha pode organizar as suas defesas e levar a cabo ataques aos comboios de abastecimentos franceses e às colunas de reconhecimento, provocando várias centenas de mortos e feridos nas forças inimigas. Esta situação manteve-se até Novembro de 1914.
Vista de Khenifra, a Ponte dos Portugueses e a Casba de Moha
“Mohamed Ouhammou o guerreiro que tu conheces
Deixou Khenifra, onde só ficaram os irumin”
Poema amazigh (KHADAOUI, página electrónica citada)
A guerra de desgaste que os Zayane iniciam contra os franceses na região de Khenifra levam a que Henrys organize as forças do Exército de Africa em quatro Groupes Mobiles, um dos quais instalado na cidade, cada um deles formado por vários batalhões de infantaria (atiradores africanos e Legião Estrangeira), um esquadrão de cavalaria (Spahis africanos), um ou dois regimentos de Goumiers marroquinos, compostos por 200 homens liderados por oficiais da inteligência francesa, um comboio de mulas para abastecimentos, peças de artilharia de 65 e 75 mm e metralhadoras pesadas Hotchkiss.
Cinco meses após a conquistada Khenifra, os franceses lançam-se sobre o acampamento de Hamou Zayani na aldeia de El Heri, cerca de 20 quilómetros mais a Sul. A decisão de atacar o campo Zayane é tomada pelo Coronel René Laverdure, comandante da guarnição de Khenifra, sem informar os seus superiores. A coluna francesa é reforçada com 6 companhias de atiradores senegaleses, tunisinos e argelinos, Goumiers marroquinos, uma companhia da Legião Estrangeira e um esquadrão de cavalaria Spahi, num total de 43 oficiais e 1230 soldados, para além de várias baterias de 65 e 75 mm e metralhadoras pesadas.
Localização da batalha de El Heri
As forças francesas partem de Khenifra às 2,30 da manhã do dia 13 de Novembro de 1914 e chegam ao acampamento de madrugada. Encontram cerca de 100 tendas ocupadas maioritariamente por não-combatentes, ou seja, velhos, mulheres e crianças, já que os homens se encontravam fora. O ataque começa com disparos de artilharia, seguindo-se uma carga de cavalaria, após o que a infantaria saqueia o campo. Duas mulheres de Moha são aprisionadas e uma terceira morta, mas o chefe amazigh, que se encontrava no local, consegue fugir, ajudado por Ito.
“O ataque teve lugar num momento em que todo o acampamento dormia, e a surpresa foi total. O ataque foi selvagem e não respeitou nenhuma regra da guerra. Os assaltantes dispararam indiscriminadamente, matando durante o sono crianças, mulheres e velhos.” (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
A tradição oral descreve a captura das duas mulheres de Moha e a morte da outra:
“Choremos o calvário de Mahjouba e de Tihihit,
Choremos o sangue de Mimouna N Hmad derramado na cama”
Poema amazigh (KHADAOUI, página electrónica citada)
O regresso da coluna a Khenifra é inicialmente fustigado por ataques de grupos de guerrilheiros isolados, mas posteriormente é feita uma mobilização de tribos que lança um contra ataque fulgurante, que surpreende os franceses junto ao Rio Bouzequer. Os amazigh vêm de todos os lados. Zayanis e membros das tribos vizinhas lançam-se sobre os franceses. Especialmente mortíferas foram as metralhadoras pesadas do exercito colonial colocadas no cimo das colinas. Após a anulação dessas metralhadores, a vitória começou a virar para o lado dos amazigh.
“A partir desse momento a batalha começou a virar a nosso favor, sobretudo com a chegada incessante de reforços. A partir do meio dia no Rio Bouzequer já corria o sangue dos irumin.” (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
Acampamento da Legião em Tadla
No final os franceses ainda tentam em vão resistir, com uma formação em quadrado, mas a derrota foi total. Com vida só escaparam 10 oficiais franceses, 5 dos quais feridos, e 597 soldados, 171 dos quais feridos. Para trás ficaram mortas no terreno 623 tropas francesas, das quais 210 soldados regulares franceses e legionários, 33 oficiais, 218 atiradores argelinos e tunisinos, 125 senegaleses, e 37 goums marroquinos. Dos despojos recolhidos pelos Zayanis contam-se 4 canhões, 4 metralhadoras, 630 espingardas, 62 cavalos, 56 mulas e diverso equipamento militar de campanha.
Sobre este combate disse o poeta Amazigh:
“Acorre ó lobo de El Heri, Azay preparou-te festins
Chama os de Bougargour e de Tighboula
Não devorem os negros, devorem apenas os vermelhos”
Poema amazigh (KHADAOUI, página electrónica citada)
Neste verso o poeta chama os lobos para devorarem os mortos que os Zayane lhes oferecem, pedindo-lhes para não devorarem os negros, referência às tropas senegalesas, e devorarem os vermelhos, os legionários, assim chamados pela cor do seu uniforme. Os Zayanis tinham grande consciência de quem era o seu verdadeiro inimigo.
Floresta de cedros
Nos dias seguintes à batalha são vistos vários Zayanis nas montanhas que circundam Khenifra e os abastecimentos à cidade são frequentemente atacados. Aguarnição de Khenifra é então fortemente reforçada com 7.000 soldados, entre os quais o 6º batalhão da Legião Estrangeira destacado de Mrirt.
No seguimento da batalha de El Heri as condições de vida dos amazigh são dificultadas pelos franceses, que não permitem a sua descida durante o inverno para as planícies. Mesmo assim, e mesmo após a morte de Moha em 1921 na região de Azlag N Tzemmurt, a guerra continua. A resistência só foi esmagada em 1936.
Ficou também na história a batalha de Tazizawt de 1932, autêntico massacre levado a cabo com a ajuda da aviação, sobre o qual reza a tradição oral:
“Tu és testemunha ó Tazizawt, nenhuma batalha te iguala
Os protagonistas estão mortos, as tribos dizimadas, não há mais amzighs”
Poema amazigh (KHADAOUI, página electrónica citada)
O Cedro do Atlas
“Por Deus meu filho se as lágrimas tivessem algum poder
O imenso reservatório que se encontra no meu coração engrossaria os rios”
Poema amazigh (KHADAOUI, página electrónica citada)
Para Ali Khadaoui a derrota amazigh no Médio Atlas teve como consequência principal a criação de um sentimento de culpa e auto-censura no seio das tribos, resultado do facto de terem consciência que a derrota foi um resultado da sua desunião.
“Se vocês Imazighen estivessem unidos no combate
Não teria acontecido que ele (o francês) se apoderasse das vossas mulheres”
Poema amazigh (KHADAOUI, página electrónica citada)
(Na guerra amazigh contra os franceses, a captura das mulheres imazighen é tida como o símbolo da derrota).
Mas a traição aos Zayanes vem do seio da própria família de Moha, já que os seus filhos Hassan e Baaddi submetem-se aos franceses e colaboram com eles, ainda antes da morte do líder.
“O que vale Hassan e o que vale Baaddi
O que vale o homem que matou o seu pai?”
Poema amazigh (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
Hassan, ou Pacha Hassan para os franceses, fica como símbolo do colaboracionismo com o colonialismo francês no Médio Atlas. Só em terras roubadas aos amazigh, Hassan Amahzoune, filho de Moha, apropriou-se de 50.000 hectares.
“Ó Miaammi, que Deus te traga de volta são e salvo.
Quanto a Hassan, que arda no inferno com os franceses”
Poema amazigh (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
“A crueldade dos franceses é tal que os valores dos imazighen são totalmente questionados. Mas foi também a violência que repôs na ordem do dia valores como a dignidade, a liberdade, a honra. Porque face à cobardia, cumplicidade e traição de uns, se honram e celebram, a grandeza e a dignidade dos outros.” (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
Arredores de Ifrane . autor desconhecido
Mesmo após a independência de Marrocos em 1956 o sentimento de frustração amazigh manteve-se. O grande poeta Lahcen Ahinach da tribo Ait Yussi resumiu assim esse sentimento:
“Por Deus meu filho, eu durmo e quando penso na nossa sorte acordo
É esta injustiça feita aos imazighen como se fossem estrangeiros
Por Deus, se não fossem os habitantes do Atlas, De Gaulle ainda cá estaria
Onde está a tribo Izayane, dizimada em Tizi Isli, na montanha?
Os de Saghro e Imermucen foram destruídos por causa dos franceses
Foi a fé que me levou ao combate, foi o rei exilado
Mas da independência não tivemos nada, a sorte abandono-nos”
Poema amazigh (KHADAOUI, página electrónica citada)
Vista do Jbel Hebri . autor desconhecido
Notas
(1) Irumin é o nome dado pelos imazighen aos cristãos ou aos europeus. O termo vem da designação Roumi ou Romano
(2) Amazigh (pl. Imazighen), ou Berbere, é o nome do povo que habitava o Norte de Africa à data da sua arabização. Significa “homem livre” na Língua Tamazight
(3) Tamazight é o nome dado ao conjunto das línguas Amazigh. Em Marrocos existem três línguas Tamazight _ o Tachelhit falado pelos Chleuh, o Tamazight do Médio Atlas e o Tarifit falado no Rif. O Tamazight escreve-se com um alfabeto chamado Tifinagh, que tem origem no alfabeto Púnico, variante da escrita cuneiforme Fenícia
(4) Henna é o corante retirado da planta “lawsonia inermis” que é usado no Norte de Africa e na India para colorir o cabelo e tatuar o corpo e as mãos
(5) Zouaves são unidades mistas de infantaria ligeira pertencentes ao Exército de Africa francês, criadas durante a conquista da Argélia, que incorporam tropas francesas e soldados norte-africanos
(6) Spahis são regimentos de cavalaria ligeira do exército francês, recrutados originalmente no seio das populações indígenas de Marrocos, Argélia e Tunisia
(7) Goums, Goumiers ou Harkas são os nomes dados aos soldados marroquinos integrados no exército colonial francês, comandados por oficiais franceses
Todos os poemas foram traduzidos e adaptados do francês pelo autor deste artigo
Bibliografia :
ELMANOUZI, Anir . « Figures du Maroc : Moha ou Hamou Zayani, un homme libre », Agraw Imazighen, 2008
KHADAOUI, Ali. “Moha Ouhammou Azayi : martyr, héros et symbole de la résistance amazighe au Maroc”. Amazigh World, 2002
WIKIMAZIGH. “Histoire de la résistance armée dans l’Atlas marocain”. (22 de Maio de 2008)
WIKIPEDIA. “Bataille d’Elhri”. (9 de Junho de 2014)
WIKIPEDIA. “Culture zayane”. (30 de Maio de 2014)
WIKIPEDIA. “Zaian War”. (13 de Maio de 2012)