ABASSIDAS . Califado fundado pelos descendentes do profeta islâmico ‘Abbas ibn ‘Abd al-Muttalib, o tio mais jovem do Profeta Muhammad. Estabelecido em Bagdade, após o célebre massacre de Abu Fotros, no qual grande parte dos Omíadas foram assassinados, pondo termo ao seu Califado
ACOBERTADO . Designação de cavalaria pesada, em que o cavalo é protegido por uma armadura de ferro ou tecido grosso
AÇOUGUE . As-Suq . Talho (O termo original significa “mercado”)
ADAÍL . Comandante militar. Termo que deriva do Árabe Ad-dalid, que significa chefe ou guia
ADARGA . Escudo de forma bi-oval
ADARVE . Também chamado “caminho de ronda”, é um parapeito interior ao pano da muralha, com a função de ronda das sentinelas e distribuição dos defensores. Tem origem no árabe ad-darb ou “caminho”.
ADIMA . ‘Adada . Carpir, esgadanhar-se e arranhar-se pela alma de um morto
ADUAR . Um douar é tradicionalmente um acampamento nómada disposto em círculo, com um espaço livre central, onde ficavam os rebanhos. Actualmente é o nome dado a um aglomerado rural
AGADIR . Celeiro fortificado, muito comum no Sul de Marrocos
AGUA DE BACALHAU . Água benta dos Cristãos (para os mouriscos)
AHENDIR . Roupa tradicional das mulheres da tribo Ait Haddidou
AHIDOUS . Dança tradicional da região do Médio e Alto Atlas, na qual homens e mulheres, lado a aldo, formam círculos ondulantes
AHOUACH . O mesmo que Ahidou
ALAMAR . Al-‘Amara . Cordão, galão que guarnece a jaqueta dos saloios
AL-ANDALUS . Nome dado à Península Ibérica durante o período Árabe. A origem do termo é incerta, existindo autores que defendem que provém de vandalicia, designação da Bética Romana ocupada pelos Vândalos; para outros o termo provém de landa hlauts, designação dada pelos Visigodos à Bética; para outros a sua origem está no Árabe jazirat al-andaluz, que significa ilha do atlântico
ALAMBOR . Alargamento da base de uma muralha, através de um plano inclinado, que trazia várias vantagens em termos de eficácia defensiva, já que afastava os atacantes, inviabilizando a utilização de máquinas de guerra, dificultando a colocação de escadas e evitando a sua minagem, ao mesmo tempo que facilitava o ângulo de tiro dos defensores, que não precisavam de se debruçar para efectuarem disparos
ALARDO . Parada militar
ALARAVE ou ALARVE . Al-‘Arabi . O Árabe
ALBACAR . Porta da muralha por onde entra e sai o gado
ALBARDA . Al-Barda’ . Sela, arnez de cavaleiro
ALCACER CEGUER . Nome português da cidade de Ksar es-Seghir
ALCACER QUIBIR . Nome português da cidade de Ksar el-Kebir
ALCAIDES MOURISCOS . Mouriscos expulsos da Península no século XV, alcaides de cidades como Tetuão e Xexuão, como Sidi Ali Al-Mandari (Almandarim) e Mulai Ali Berrechid (Berraxe), que se celebrizaram como grandes combatentes da presença de Portugal em Marrocos, transportando para o Norte de África a luta contra os cristãos que os tinham expulso dos seus países
ALCAIMA . Do Árabe khaima que significa tenda
ALFAQUEQUE . Pessoa que tinha por missão tratar do resgate de cativos cristãos, fossem escravos ou prisioneiros de guerra. A palavra tem origem no Árabe “alfàkkãk” que significa “emissário”
ALFAQUI . Especialista em direito Islâmico, geralmente pertencente a uma das escolas tradicionais da jurisprudência Islâmica
ALFITETE . Al-Fitat . Massa doce, composta de farinha, açúcar, ovos e vinho
ALFORGE . Al-Hurj . Sacola dupla para colocar no dorso das montadas
ALFORRIA (ou manumissão) . Acto pelo qual um proprietário de escravos liberta os seus próprios escravos. Esta libertação assume diferentes formas consoante o tempo e o local da sociedade esclavagista. A palavra alforria tem origem no árabe Al-Hurria, que significa “liberdade”
AL-GHARB . Significa em Árabe o Ocidente
ALIFATO . Nome dado ao alfabeto árabe
ALJAMAS DE MOUROS . Comunidades mouriscas
ALJAMÍA (ESCRITA ALJAMIADA) . Escrita em Língua Românica Peninsular ou Romance, mas utilizando caracteres Árabes. Aljamía deriva do Árabe Al-ajamiyya, designação que é dada às línguas estrangeiras
ALMÁCEGA . Al-Mustanqa . Tanque para lavar a roupa usado pelas lavadeiras mouriscas
AL-MAHALA . Significa a zona do exército onde se encontra o seu comandante e a sua guarda pessoal
ALMEXIA . Al-Mawxya . Espécie de túnica que os mouriscos usavam obrigatoriamente sobre o vestuário “normal” quando não utilizavam roupagem oriental (aljuba, albornoz ou turbante), para se distinguirem dos cristãos. Foi também imposta a utilização do sinal do Crescente de pano vermelho, cozido nas suas roupas, no ombro, e o uso do cabelo rapado
ALMÓADAS . Originários da tribo Masmuda, do Alto Atlas marroquino, os Almóadas (do Árabe Al-Muahidin, ou os unitaristas, no sentido de monoteísmo religioso), têm a sua origem enquanto movimento organizado na mesquita de Tin Mal, situada na região do Tiz’n’Test, junto á actual estrada que liga as cidades de Marraquexe e Taroudant. Derrotam os Almorávidas em Marrocos no ano de 1130, conquistando o Norte de Africa até Tripoli. Os Almóadas invadem a Península, que unificam sob o seu poder. A batalha de Navas de Tolosa, travada no ano de 1212, na qual os Almóadas são derrotados por uma coligação cristã liderada por Afonso VIII de Castela e que integra os reinos de Leão, Portugal, Navarra e Aragão e as ordens militares de Santiago, Calatrava, Hospitalários e Templários marca o início da desagregação da dominação Almóada no Al-Andalus, abrindo as portas ao terceiro e último período de Reinos de Taifas.
ALMOCADÉM . Nome dado aos mouriscos usados como batedores nas almogavérias de Marrocos. Do Árabe al-muqqadam, que significa o que precede, o que vai à frente
ALMOCREVE . Condutor de bestas de carga
ALMOGÁVARES . Força de elite que levava a cabo almogavérias. Termo vem do Árabe Al-mighuar (pl. Al-maghauir), que significa corajoso
ALMOGAVÉRIA (ou CORRERIA) . Surtida militar de uma Praça-forte para fazer razias nas aldeias, roubando gado, destruindo colheitas e fazendo cativos
ALMORAVIDAS . Nos confins do deserto do Sahara, na área hoje ocupada pelo Senegal, Mauritânia e Sul de Marrocos, uma confederação de tribos nómadas islamizadas desde os finais do século IX, lideradas pelos Lamtuna e Sanhadja, organiza-se em confraria religiosa e militar, os Almorávidas (do Árabe Al-Murabitun, ou aqueles que vêm do Ribat ou mosteiro muçulmano). Conquistam todo o Norte de Africa Ocidental e estabelecem a sua capital na cidade de Marraquexe. Respondendo a um pedido de auxílio dos Reinos de Taifas Andaluses invadem a Península, que unificam e integram no seu império. O surgimento de outra dinastia Berbere em Marrocos, os Almóadas, a derrota que sofrem na Batalha de Ourique frente aos cristãos de Afonso Henriques e os levantamentos que levam ao estabelecimento dos segundos Reinos de Taifas do Al-Andalus estão na origem da sua queda.
ALMOXARIFE . Tesoureiro, inspector, intendente
ALPERROS . Nome dado aos Turcos
AL-QUIBRA . Al-Quibla . Direcção de Meca
AL-SALAT . As-Salat . A Oração
AMARG . Significa em Tacheliht, poesia cantada. Tem também os significados de amor, desgosto e lamento
AMAZIGH (pl. IMAZIGHEN) . Nome do povo que habitava o Norte de Africa à data da sua arabização. Significa “homem livre” na língua Tamazight. Constitui actualmente cerca de 60% da população de Marrocos
AMEIA . Abertura no cimo da muralha, situada entre dois merlões
ANDALUSINOS . Designação dos habitantes do Al-Andalus
ÂNGULO MORTO . Porção de terreno exterior a um perímetro muralhado, não abrangido pelo tiro das bocas de fogo colocadas no mesmo
ARAVIA, ARAVYA ou ARABYA . Arabia . Língua Árabe
ARCABUZ . Arma de fogo portátil, chamada pelos portugueses “espingarda”
ARDER . Ser executado por morte na fogueira, considerada a pena máxima, aplicada a crimes como heresia e bruxaria, mas também a homossexualidade e outros comportamentos considerados desviantes
ARMADURA . Vestimenta utilizada para proteção pessoal, originalmente de metal, usada por soldados, guerreiros e cavaleiros como uma forma de proteção às armas brancas durante uma batalha
AROSSA . Noiva
ARRAIAL . Do árabe ar-Rahl . Redil, acampamento; assentamento
ARRAIS . Ar-Rayys . Chefe, Presidente (Título atribuído geralmente aos chefes corsários)
ARRUAR. Acção de traçar ruas e pavimentá-las
ARZILA . Nome português da cidade de Asilah
AZUAGO . Mercenário argelino
ATALAIA . Local de observação, geralmente situado em situação elevada. Designação dada aos postos de observação das Praças em Marrocos, com a finalidade de detectar qualquer movimento inimigo e alertar as defesas
ATALAIAS (ou FACHEIROS) . Sentinelas que fazem serviço de vigia nas Atalaias
ATALHO . Tramo de muralha que dividia uma área muralhada em duas. “Imediatamente após a conquista de um local, os portugueses tinham por princípio reduzir, por vezes de forma drástica, o tamanho das cidades em que se instalaram. Esta espécie de “redução” toma o nome de atalho e materializa-se na construção, no interior da muralha existente, de novas muralhas. Após essa construção, parte dos bairros ficam fora do recinto fortificado.”
AZAQUI . Az-Zaki . Tributo pago pelos mouriscos correspondente a uma décima parte dos tributos da terra
AZUAGOS . Tropas do Leste da Argélia
BACAMARTE . Arma de fogo de cano curto e largo, parecendo uma garrucha alongada, alargada na boca e reforçada na coronha
BALUARTE . Estrutura defensiva integrante das muralhas, avançada em relação ao seu plano. A designação era geralmente atribuída aos elementos situados nas inflexões das muralhas, chamando-se “estâncias” ou “plataformas” àqueles que se situavam num ponto de determinado “pano”.
BANDOLEIRISMO MOURISCO . As condições duríssimas em que os mouriscos resistem após a obrigatoriedade de conversão ao cristianismo e a própria fatalidade que marca o seu destino, originam que a sua resistência tenha um carácter extremamente clandestino e desesperado, marcado pelo ambiente de terror em que viviam. Muitos deles, os que optam pela luta armada contra os cristãos, aderem ao chamado “bandoleirismo mourisco”, de carácter violento e marginal, organizando-se em três grupos distintos _ Corsários, Mânfios e Gandulos
BARAKA . Benção divina
BARBACÃ . Muro anteposto às muralhas, de menor altura do que estas, com a função de defesa do fosso de uma fortificação, onde era oferecida a primeira resistência ao agressor
BASTIDA (ou CASTELO DE MADEIRA) . Torre de madeira revestida com peles de animais, utilizada para assalto a recintos muralhados
BEDUÍNO . Termo que significa em Árabe semi-árido ou pessoa do deserto, e designa as populações originárias da Península Arábica
BELCHOR . O mesmo que elche, ou ateu; cristão renegado, convertido ao Islão; indivíduo que muda de religião
BENDIR . Instrumento musical de percussão
BENI MAAQIL . Tribo Árabe originária do Yemen que se fixou entre os séculos XIII e XV no Vale do Dadés, trazendo consigo a famosa “arquitetura das Kasbahs”
BERBERE . Designação generalizada, considerada por alguns como depreciativa, dada ao povo Amazigh. Termo que deriva do latim barbarus, que por sua vez deriva do grego com o significado de estrangeiro
BESTA (balestra ou balesta, derivações do latim tardio ballista) . Arma com aspecto semelhante ao de uma espingarda, com um arco de flechas adaptado a uma das extremidades de uma haste e acionado por um gatilho, o qual projeta virotes – dardos similares a flechas, porém mais curtos
BEY . Título turco que designava os governadores das cidades
BIDAOUI . Nome dado aos habitantes de Casablanca. Tem origem em Dar Al-Beida, que significa “Casa Branca”
BIOCO . Burqu’ . Parte da capa que cobria o rosto das mulheres, ainda usado no Algarve nos finais do século XIX, concretamente no ano de 1892, data em que foi proibido. Era também conhecido por “rebuço”
BISARMA . Arma de guerra de grandes dimensões, formada por uma lança comprida com gume para cortar e espigões para ferir
BLED EL-MAKHZEN (ou País da Lei) . Designação do conjunto das regiões do território de Marrocos governadas pelo poder centralizado do sultão
BLED ES-SIBA (ou País Dissidente) . Designação do conjunto das regiões do território de Marrocos governadas autonomamente pelas tribos Amazigh
BOCA DE FOGO . Abertura na muralha para disparo de artilharia
BORJ . Significa em Árabe “Torre”
BORTUQAL . Nome dado pelos Andalusis a Portugal. A alteração das consoantes P e G deve-se ao facto de não fazerem parte do alfabeto Árabe
BRANCO . Cristão-Velho
BRIGANDINE . Protecção para o corpo, constituída por uma cota de tecido ou couro reforçada com placas metálicas
BRIJA . Diminutivo de “Borj”
BUXA . Dispositivo colocado num fosso ligado ao mar, com a função que o mesmo fique seco na maré-baixa
CABILA . Tribo
CACIS . Qassis . Sacerdote, Imam, homem nobre, notável
CÁFILA . Caravana
ÇAFIM ou SAFIM . Nome português da cidade de Safi
CAFRE . Kafir. Ateu; rude, desumano
CALIFADO . Território que, para além de deter poder político e militar autónomo, detém também poder religioso, no sentido de constituir uma forma Islâmica de governação
CALVI ARAVI . Qalbi ‘Arabi . O meu coração é Árabe (Canção popular do século XVI recolhida por Gil Vicente e referida na Comédia de Rubena)
CANHÃO . Boca de fogo de artilharia também conhecida como “Peça”, destinada a disparar granadas em tiro tenso, de calibre superior a 20 mm e que pode ser montado sobre uma carreta ou outro reparo qualquer
CANHONEIRA . Boca de fogo para disparo de artilharia pesada
CANOT (ou CANUTO) . Nome de bairro de Meknés onde foram concentrados o cativos europeus após a “nacionalização” da escravatura por Mulai Ismail
CAPRIFICAÇÃO . Operação arbórea praticada pelos agricultores que consiste em tornar fértil uma figueira que se tornou estéril
CARÍAS . Kharyas . Cantilenas de origem Árabe, geralmente cantadas por mulheres, na base das “cantigas de amigo”
CARRIAGEM . Conjunto de carros de tracção animal, onde se transportavam os mantimentos do exército
CASAMATA . Abrigo coberto integrado num baluarte, para proteger posições de artilharia
CASBAH (QASBAH ou KASBAH) . Cidadela fortificada. O termo está na origem da palavra alcáçova
CAVALEIROS-VILÃOS . Cavaleiros designados pelos concelhos para combater nas hostes do rei, devendo para isso ter posses suficientes para possuir cavalo, armas e ter um determinado rendimento, já que normalmente eram donos de terras. Não recebiam qualquer pagamento, mas ficavam isentos de determinados impostos. Nos concelhos são os homens-bons e nas cortes representam a classe popular, estando assim entre a nobreza e o povo
CELA ou CELLA . Salat . Oração
CELADA COMPOSITA . Capacete constituído por vários elementos, e que em muitos dos casos, se aproxima da estrutura da chamada borguinhota, inspirada nos elmos clássicos. Estas últimas eram constituídas pelo capacete, duas protecções de placa nas laterais do rosto e um guarda-vista sobre as sobrancelhas
CELADA LIGEIRA (ou italiana) . Casco em metal, sem viseira, que se inicia na zona das sobrancelhas, e se prolonga pela cabeça, terminando na zona da nuca numa curva ligeira
CEUTA . Nome português da cidade de Sebta
CHAHADA . Profissão de fé muçulmana
CHAPEU DE BISPO . A tenalha composta – conhecida também por “chapéu de bispo” em virtude da sua planta se assemelhar a uma mitra espiscopal – apresenta dois ou três ângulos reentrantes. Ao contrário da tenalha simples, o chapéu de bispo apresenta-se avançado em relação ao revelim que protege a cortina correspondente
CHAPEU DE FERRO . Protecção de cabeça, constituída por um casco tendencialmente arredondado, complementado por uma aba a toda a volta, que permitia a protecção dos projécteis mas também do sol, da água e do pó
CHARK AL-ANDALUS . O Oriente do Al-Andalus. Nome dado aos territórios do Al-Andalus situados do lado Oriental da Península
CHAVE (de ARCO ou de ABOBADA) . Também conhecida como fecho ou pedra angular é a aduela central de um arco ou de uma abóbada
CHIADMA . Nome de tribo de origem Árabe que vive na região costeira entre Souira Qadima e Essaouira. A designação refere-se também ao território que habitam e que partilham com os Regraga
CHLEUH . Nome de uma das três grandes Nações ou grupos étnicos Amazigh que habitam em Marrocos. Os Chleuh vivem no Alto Atlas, Anti-Atlas e na região do Sousse
CHORFA . Pessoa notável, nobre
CID ou CIDE . Título derivado do Árabe “saíd”, que significa senhor ou santo
CIDADELA . Fortaleza ou fortificação construída em ponto estratégico de uma cidade, visando sua proteção. A cidadela pode, por vezes, incorporar parcial ou totalmente um castelo existente nesta cidade ou mesmo partes da sua estrutura urbana
CIMITARRA . Espada de lâmina curva mais larga na extremidade livre, com gume no lado convexo, utilizada por certos povos orientais, tais como árabes, turcos e persas, especialmente pelos guerreiros muçulmanos
CONTRAESCARPA . Face interna exterior de um Fosso
CONTRAGUARDA . Obra exterior de uma fortificação abaluartada, destinada a cobrir um baluarte ou um revelim. Localiza-se no fosso à frente do baluarte ou revelim e é composta por duas faces longas, com flancos muito estreitos. Ocasionalmente a contraguarda é também designada “cobre-face”.
CORSARIO (ou CORSO) . Comandante de navio autorizado a atacar e pilhar navios de outras nações, legitimado por uma autorização, chamada “carta de corso”, emitida por um governo. Os corsários eram usados como um meio fácil e barato para enfraquecer o inimigo, perturbando as suas rotas marítimas, sem que o estado tivesse que suportar os custos relacionados com a manutenção e construção naval.
COTA DE MALHA . Aparato utilizado como proteção para o corpo, que consiste em uma série de entrelaçamentos de pequenas argolas de metal (muitas vezes ferro forjado, aço ou até ligas de ouro). Juntas, fornecem resistência contra objetos cortantes com relativa eficiência
COURA . Protecção feita de couro que substituía a armadura
COURAÇA . Tramo de muralha que estabelece a ligação entre esta e o mar. “Consolidada na sua extremidade por uma torre, a couraça permite deslocações protegidas entre a cidade e o mar e, portanto, facilita o carregamento e descarregamento de tropas e equipamentos sob pressão inimiga. Também ajuda a “conquistar” a praia e dissuadir o inimigo de qualquer manobra para bloquear a passagem.”
CRISTÃOS-NOVOS . Judeus ou Muçulmanos convertidos ao cristianismo
CUBELO . Torre de forma quadrada adossada às muralhas
DAIA . Lago natural
DAOUR . Também chamada de “Primavera Regraga”, é o nome da peregrinação que essa tribo realiza todos os anos. Significa “volta, passeio”
DARIJA . Dialecto Árabe Magrebino falado correntemente em Marrocos.
DEBUXADOR . Desenhador, projectista
DEGREDADOS . Indivíduos condenados, que cumpriam as suas penas nas colónias, num regime de semi-liberdade
DERDEBA . Ritual ancestral Gnawa praticado à noite “visando transformar uma possessão mórbida por uma possessão controlada. Durante a cerimónia, são invocados diversos espíritos ligados às cores, santos venerados pelas confrarias sufis marroquinas e entidades femininas”
DEVASSA . Visita temporal feita pela inquisição para recolher denúncias de “pecados públicos”, como “heresia, bigamia, adultério, mancebia, casais separados, superstições e feitiçarias, alcoolismo, incumprimento da obrigação de ir à missa aos domingos e dias santos e da confissão e comunhão anuais, insultos”, detectando-se “adulteros, barregueiros, concubinários, alcoviteiros, e os que consentem as mulheres fazerem mal de si em suas casas, incestuosos, feiticeiros, benzedeiros, sacrílegos, blasphemos, perjuros, onzeneiros, simoníacos, os que dão publicas tabolagens de jogo em suas casas”
DIWAN . Conselho, órgão governativo colegial
DRAKKAR . Nome dos navios dos Vikings, famosos pelas suas proas com cabeça de dragão. De baixo calado, podiam navegar em águas pouco profunda e eram extremamente manobráveis
DUQUELA . Nome dado pelos portugueses às actuais regiões marroquinas de Doukkala, Abda e Sousse
ELCHE . Ilj . Cristão que opta pela conversão ao Islão, partindo para a Terra dos Mouros (Norte de África)
EMIRATO . Significa em Árabe Principado. Refere-se a determinado território com autonomia política e militar
ENAGUA . An-Nawa . Saia branca que as saloias usam entre a combinação e a saia
ESCARPA . Face interna interior de um Fosso
ESCUDO . Protecção em ferro, couro ou madeira, de forma circular
ESMERILHÃO . Peça de artilharia ligeira
ESPADA . Palavra usada para se referir a uma série de “armas brancas” longas, formadas por uma lâmina e uma empunhadura para as duas mãos; abrangendo, por extensão, objetos como o sabre, o florete, o gládio, o espadim e a katana, entre outros
ESPAQUI (do turco Spahi) . Atirador montado
FACHEIROS (ou ATALAIAS) . Sentinelas que fazem serviço de vigia nas Atalaias
FADA . Cerimónia que os mouriscos faziam aos seus filhos, após serem baptizados à força, para anular o baptismo e os converterem ao Islão
FADO . Khadu . Canção com caracter de lamento saudosista, cantada em ambientes restritos e clandestinos, na calada da noite. O Fado encaixa perfeitamente enquanto expressão da marginalidade dos mouriscos urbanos, gandulos ou simplesmente cidadãos espoliados, atacados e sem futuro
FANTASIA . A arte da fantasia consiste em imprimir às montadas de um grupo de cavaleiros, chamado a Sorba, um galope de carga, o Baroud, e disparar um tiro de espingarda em uníssono no final da corrida. Os grupos mais hábeis conseguem que os seus tiros façam uma só detonação perfeitamente sincronizada
FARNEL . Farda . Cada um dos lados do alforge, provisão para viagem
FATIMITAS . Califado estabelecido em Kairuan, na Tunisia, que deve o seu nome à filha do Profeta Muhammad, Fátima Zahra, mulher de Ali Ibn Abu Talib. O seu fundador foi um Mahdi que se declarou descendente de Fátima
FATWA . Pronunciamento legal no Islão emitido por um especialista em lei religiosa, sobre um assunto específico. Normalmente, uma fatwa é emitida a pedido de um indivíduo ou juiz de modo a esclarecer uma questão onde a jurisprudência islâmica, é pouco clara
FEZ . Nome português da cidade de Fes
FORMIGÃO . Também conhecido como “taipa militar” é um processo construtivo que adiciona a cal na composição do material para construir em taipa
FORTALEZA . Lugar ou imóvel fortificado, organizado para a defesa de uma cidade ou de uma região
FOSSADOS . Acções militares baseadas em incursões rápidas, emboscadas e razias para desgaste e destruição de víveres
FOSSO . Escavação regular destinada a impedir a aproximação do inimigo à fortificação. O fosso podia ser seco ou inundado com água
FRANJ . Nome dado pelos Árabes aos cruzados
FRONTEIROS . Indivíduos, geralmente nobres, que faziam serviço nas praças do Norte de Africa como militares ou funcionários administrativos
FULANO . Fulan . Indivíduo, sujeito
FUTUWAH . Cavalaria espiritual Islâmica, regida pelos princípios da justiça e da defesa dos fracos e desprotegidos
FUSTA . Embarcação do tipo da galé, que combina a vela com os remos, muito utilizada pelos corsários genovezes
GABIÃO . Cesto cheio de terra para formar barreira de protecção
GALÉ . Antigo navio de guerra, de borda baixa, movido à remos, geralmente por condenados ou escravos, mas tambem dotados de 2 ou 3 mastros para velas
GANDULOS . Do Árabe Ghandur, ou vadio, eram membros de milícias urbanas criadas em resposta ao clima de terror que se vivia nas cidades do Al-Andalus após a conquista cristã
GARRUCHA . Arma de fogo de cano curto, semelhante a uma pistola ou revólver. Sua principal característica é que possui apenas um tiro por cano, semelhante às espingardas de caça
GASTADORES . Homens que tinham por missão abrir trincheiras ou outro tipo de fortificações provisórias
GAZULAS . Tropas do Anti-Atlas integrantes dos exércitos Sádidas
GHARB AL-ANDALUS . O Ocidente do Al-Andalus. Nome dado aos territórios do Al-Andalus que abarcavam o actual Sul de Portugal e a parte Ocidental da Andaluzia e Extremadura Espanholas
GINETES . Cavalaria ligeira portuguesa, cuja mobilidade se adequava à função de batedor e à prática da “guerra guerreada”, ou seja, o raid militar feito no território inimigo com o objectivo de roubar bens e animais, destruir culturas e emboscar tropas rivais em movimentação
GNAWA ou GNAOUA . Descendentes dos escravos trazidos da Africa subsariana para Marrocos pelos Árabes e Berberes para integrar os seus exércitos e trabalharem na construção das suas cidades. São arabófonos e praticam o Islão Sufi, organizando-se em confrarias místicas sufis muçulmanas. Usam a sua música, cantos e danças para atingirem um estado de transe, utilizando para tal um movimento circular com a cabeça, comparável à famosa dança dos dervixes rodopiantes
GOUMS ou GOUMIERS . Designação dada aos soldados marroquinos integrados no exército colonial francês, em unidades de infantaria ligeira, comandados por oficiais franceses
HABS . Significa prisão em dialecto marroquino
HAHA . Tribo Amazigh que vive na região situada entre Essaouira e Agadir
HAJIBE . Cargo político equivalente a primeiro-ministro
HAJJ . Peregrinação anual a Meca
HALKA . Círculo de pessoas que se juntam em torno de um músico ou de um contador de histórias
HARÉM . Parte da casa proibida a homens de fora ou conjunto das mulheres de um matrimónio poligâmico
HARKAS . o mesmo que GOUMS
HENNA . Corante retirado da planta “lawsonia inermis” usado no Norte de Africa e na India para colorir o cabelo e tatuar o corpo e as mãos
HOMIZIADOS . O mesmo que degredados
IDRÍSSIDA . Dinastia Árabe Xiita que reinou na parte ocidental do Magrebe entre 789 e 985
IMGHAREN . Chefes tribais do Sul de Marrocos
IRUMIN . Nome dado pelos imazighen aos cristãos
IZLAN . Cantos que acompanham os Ahidous
JAMAA . Mesquita. Significa também ajuntamento ou local de reunião
JANÍZEROS . Soldados estrangeiros integrados no exército otomano
JBEL . Significa em Árabe Montanha
JIHAD . Guerra Santa. Para os fanáticos do Islão é a guerra travada contra os não-islâmicos. Para a generalidade dos Muçulmanos é a guerra travada contra os inimigos do Islão. Para os místicos Islâmicos é a guerra que todos os indivíduos travam contra si próprios, no sentido de se aperfeiçoarem
JINNS . “Entidades maléficas ou benfazejas, superiores aos homens e inferiores aos anjos, imperceptíveis aos sentidos, e cuja importância na literatura popular e no folclore árabes é bastante grande”. Normalmente os jinns são associados a espíritos maléficos pela crença popular
KHAIMA . Tenda
KHODDAM . Servidor
L-BARTQIZ . “Os portugueses” no dialecto Árabe de Marrocos
LAARIFA . “A que sabe ou que conhece”, termo derivado do verbo “arafa”, “saber” ou “conhecer”, é uma figura tenebrosa existente na sociedade marroquina. Um misto de coscuvilheira, intriguista e informadora da polícia, que, usando um véu que esconde a sua identidade, passa o tempo nos locais públicos a ouvir as conversas, a semear a discórdia no seio das famílias e a encorajar os divórcios. Para além de informadora da polícia, é utilizada pelas autoridades para entrar nas casas particulares, por exemplo em acções de despejos, já que os agentes masculinos não podem entrar nos domicílios onde hajam mulheres.
LANÇA . Arma de haste que atingia seis metros de comprimento
LÍNGUA FRANCA . Língua falada pelos corsários e cativos. Esta “no man’s langue”, tinha também origem o facto de os muçulmanos não aceitarem que os cativos falassem as línguas europeias normais, que não compreendiam, mas também não aceitavam que falassem a língua árabe, a sua língua sagrada. Era composta maioritariamente por termos italianos, castelhanos, portugueses e franceses, cerca de 80%, termos árabes e turcos, cerca de 15% e alguns termos de outras línguas como por exemplo o grego, numa percentagem de 5%
LOBULO . Parte do círculo empregada como ornamento no traçado das rosáceas e dos arcos em forma de rosácea, ou, de forma sucessiva, para formar arcos polilobulados
MAAQIL . Tribo Árabe originária do Yemen que se instalou a Sul do Alto Atlas entre os séculos XIII e XV. trazendo consigo a arquitectura dos Ksares e Kasbahs que caracterizam o Planalto do Dadés
MAGREBE . Significa em Árabe Ocidental
MAHDI . Significa em Árabe Guiado. É o redentor profetizado do Islão, que permanecerá na Terra por sete, nove ou dezenove anos (de acordo com as diferentes interpretações) antes da chegada do dia do juízo final final
MAJUS . Nome dado pelos Andaluses aos Vikings Noroegueses e Dinamarqueses. Significa Magos
MÂNFIOS . Termo derivado do Árabe Manfi, que significa desterrado ou proscrito, são uma forma de bandoleirismo marginal, constituído por grupos formados por 40 a 50 indivíduos, sediados sobretudos em zonas desabitadas e de difícil acesso, como as serranias, que atacavam os cristãos após a conquista cristã do Al-Andalus
MANTA (ou MANTELETE) . Arma de grande utilidade para os soldados que se aproximavam da muralha, formada por tabuados de madeira grossa, com pegas interiores para facilitar o seu transporte
MAR DAS ÉGUAS . Corresponde à zona marítima situada entre o Sul de Portugal e as costas Atlânticas da Andaluzia Espanhola e Norte de Marrocos
MARABUTO (MURABITO ou MORABITO) . Religioso muçulmano de vida ascética e contemplativa
MARABUTO . Murabitun . Nome dado aos religiosos cripto-islâmicos (origem “os que vêm do Ribat”)
MARADO . Marid . Doente
MARAFADA ou MARAFONA . Mr’a khaina . Mulher que engana, desleixada, escandalosa
MARIOLA . Moço de fretes
MARLOTA . Peça de vestuário árabe comprida, com mangas curtas e largas
MARROCOS . Nome português da cidade de Marraquexe
MASJID . Mesquita. Termo que deriva do verbo sajada, que significa prostrar-se
MATACÃES . Aberturas salientes no topo das muralhas para tiro mergulhante ou arremesso de objectos ou azeite a ferver
MATAMORA ou MATAMORO . Matmara . Celeiro enterrado
MATMUR (pl. MTAMAR) . Masmorra. Significa em Árabe “lugar de enterramento”
MAWLAS (ou MULADIS) . Nome dado aos antigos cristãos do Al-Andalus arabizados e convertidos ao Islão. A designação mawlas tem a sua origem no Árabe muwallids ou recém-nascidos
MAZAGANIA (do árabe Maghzanyia) . Tropas regulares que recebem soldo
MAZAGÃO . Nome português da cidade de El Jadida
MEIRINHO . Oficial de justiça
MERLÃO . Elemento saliente do parapeito de uma fortificação para proteger os seus defensores
METADOR . Indivíduo que ajudava os cativos europeus a fugir da prisão e os guiava até às Praças-fortes de Marrocos. “Este termo é uma deformação do espanhol “metedor”, que significa “contrabandista” (no sentido de aquele que “metia” ou “introduzia” alguma coisa); a “metedoria” era a introdução de mercadorias de contrabando. No caso concreto, o que se “introduzia” na Península, era mercadoria humana”.
MESTRE DE CAMPO . Oficial encarregue da organização do exército
MICER (MISSER, MESSER) . Termo antigo usado como título honorífico com o significado de “Meu Senhor”
MIHRAB . Termo que designa um nicho em forma de abside numa mesquita. Tem como função indicar a direcção da cidade de Meca (qibla), para qual os muçulmanos se orientam quando realizam as cinco orações diárias
MINARETE . Designação que provém do Árabe manara ou farol. Refere-se à torre de uma mesquita, local do qual o almuadem ou muezzin anuncia as cinco chamadas diárias à oração
MISSÃO DE REDENÇÃO . Iniciativas promovidas pelas Ordens religiosas para libertar cativos cristãos das prisões do Norte de Africa
MÍSULA . Peça resistente, saliente de parede vertical, com a função de servir de apoio a uma cornija ou um arco
MOÇÁRABES . Nome dado aos cristãos do Al-Andalus arabizados, mas que mantêm a sua religião. A designação moçárabe tem a sua origem no Árabe musta’rib ou arabizados
MOQADAM . Chefe, o que vai à frente, batedor, fiscal
MOQQADEMA . Vidente, curandeira, mulher com poderes sobrenaturais para ver o futuro e curar situações de possessão e mau olhado
MORABITO (ou MARABU) . Local de culto a um eremita considerado santo. Normalmente é uma construção de pequenas dimensões, de planta quadrangular encimada por cúpula
MOSQUETE . Arma de fogo de calibre superior ao arcabuz
MOUREJAR (ou MOIREJAR) . Trabalhar sem descanso
MOURISCAS ou MOURISCADAS . Danças realizadas pelos mouriscos, integradas em celebrações cristãs, apenas autorizadas se os seus protagonistas as realizassem à margem da celebração. As Mouriscas eram também realizadas em espectáculos para divertir os nobres cristãos, sobretudos as protagonizadas por mulheres
MOURISCOS . Nome dado aos Muçulmanos do Al-Andalus forçados à conversão ao Cristianismo, após a conquista cristã , e à adopção obrigatória da língua e costumes dos Cristãos, incluindo a forma de vestir
MOUROS . É a designação dada pelos cristãos aos habitantes do Al-Andalus e do Magrebe. O nome tem a sua origem no Latim Mauro, que significa “de pele escura”. Nome dado inicialmente aos escravos, fossem Norte Africanos, fossem da Africa Subsariana
MOUROS DE PAZES . (ou mouros de sinal) Nome dado pelos portugueses às tribos que viviam nas áreas circundantes das praças-fortes de Marrocos e aceitavam estabelecer acordos de paz. Ao abrigo desses acordos, os portugueses davam-lhes protecção em relação às tribos inimigas e permitiam que os mouros de pazes circulassem livremente nas praças e aí exercessem o seu comércio. Em troca, os mouros garantiam paz aos portugueses e pagavam um tributo em géneros, geralmente produtos agrícolas ou gado
MOUROS FORROS . Escravos Mouros que adquiriam a sua liberdade através de um pagamento ao seu amo ou por testamento deste
MOUSSEM . Festa ou festival regional anual, em que geralmente se junta a celebração religiosa de um santo adorado localmente a atividades festivas e comerciais. São eventos muito concorridos, a que podem acorrer pessoas de locais muito distantes
MUDEJARES . (do Árabe Mudajjan ou Domesticados) Designação dada aos Muçulmanos do Al-Andalus após a conquista cristã, que conservam a sua religião mas que, progressivamente, adoptam os hábitos e a língua dos Cristãos
MUJAHID . Guerrilheiro
MULADIS (ou MAWLAS) . Nome dado aos antigos cristãos do Al-Andalus arabizados e convertidos ao Islão. A designação muladis tem a sua origem no Árabe muwallids ou recém-nascidos
MULAY . Título normalmente utilizado como título próprio dos xerifes
MURIDINOS . Confraria fundada em Silves pelo místico sufi Ahmed Ibn Qasi durante o período dos segundos Reinos de Taifas
NERVURA (de ABOBADA) . Nervura ou nervo é um elemento arquitectónico formado por um segmento do arco saliente do intradorso de uma abóbada. A abóbada de nervuras ou de cruzaria é uma derivação da abóbada de arestas, na qual os arcos são salientes no seu intradorso
NEUROBALÍSTICA . Disciplina, dentro da ciência balística, que trata dos dispositivos e das tecnologias de tiro cujas forças propulsoras são resultantes de elementos de flexão ou torção
OLARILOLÉ . La Illaha Ila Allah . Não há divindade senão Deus
OMÍADA . Califado estabelecido em Damasco pelos Banu ‘Ummaya, originários de Meca. A relação de parentesco da família Omíada com o Profeta Muhammad está no facto de serem descendentes de um ancestral em comum, Abd Manaf ibn Qusai
ORDENANÇA . Legislação militar utilizada no processo de recruta e de disposição dos soldados no terreno
ORELHÃO . Prolongamento exterior da face frontal de um baluarte com a função de proteger a sua face lateral
OUED . Significa em Árabe “Rio”
OULEMA . Teólogo islâmico
PACHA . Título turco que designava os governadores das províncias do Império Otomano
PALANQUE . Castelo de madeira. Estrutura defensiva colectiva, móvel, que servia como fortificação de campanha para proteger as tropas quando sediavam uma cidade
PAVÊS . Escudo metálico de grandes dimensões que protegia inteiramente o soldado que o levava
PELOURO . Projéctil de arma de fogo
PIQUE ou PICA . Lança comprida que podia atingir 5 metros
PIROBALÍSTICA . Disciplina, dentro da ciência balística, que trata dos dispositivos e das tecnologias de tiro cuja força propulsora é a pólvora
POLILOBULADO (ARCO) . Arco formado por uma sucessão de lóbulos
PRAÇA-FORTE . Cidade ou povoação fortificada, organizada para compensar a falta de obstáculos naturais nas fronteiras ou nos pontos estratégicos de um país
PRESÍDIO . Fortificação construída numa baía ou porto, num local de difícil acesso, com o objectivo de o dominar militarmente (aprisionar), inviabilizando a sua utilização por navios inimigos. O termo presídio acabou por significar uma prisão isolado de onde é muito difícil sair
PRESÍDIO DO DEMÓNIO . Nome dado pelos mouriscos à inquisição
QAID . Chefe tribal Berbere
QASSR (ou KSAR) . Castelo. O termo está na origem da palavra alcácer
RAIS (ou REIS) . Título atribuído geralmente aos chefes corsários, derivado do Árabe “raís” ou “presidente”
RAZIA . Incursão em território inimigo pra fazer destruições e pilhagens
REDENTORISTA . Religioso que participava numa Missão de Redenção
REGRAGA . Tribo Berbere arabófona que vive na região costeira situada entre Souira Qadima e Essaouira, no chamado “País Chiadma”, célebre pela guerra implacável que levou contra o invasor português
REINOS DE TAIFAS . A queda do Califado de Córdoba no ano de 1031 fracciona o Al-Andalus em pequenos reinos independentes, chamados Reinos de Taifas (do Árabe Muluk At-Tawaif ou reinos fraccionados). Os primeiros Reinos de Taifas vigoraram entre a queda do Califado e a conquista Almorávida, os segundos entre a queda dos Almorávidas e a conquista Almóada e os terceiros entre a queda dos Almóadas e a conquista cristã
RENEGADO (o mesmo que ELCHE ou BELCHOR) . Antigo Cristão convertido ao Islão. A decisão de conversão ao Islão tinha como causa principal a incapacidade de os cativos comprarem a sua liberdade, mas muitos dos renegados eram fugitivos europeus condenados por crimes nos seus países de origem, que em Marrocos tinham a possibilidade de refazer as suas vidas. “Os renegados tinham em comum dois elementos chave: eram todos europeus de origem, e cristãos. A sua conversão ao Islão podia contudo ser voluntária ou não, mas em todos os casos acabavam por trabalhar para as autoridades marroquinas. O desenraizamento social destes novos convertidos criava aliás uma nova individualidade”
REPARO . Maciço volumoso de terra e alvenarias, erguido à volta de uma fortificação, usualmente com a terra oriunda da escavação do fosso, ou então a qualquer defesa de praça militar, como uma trincheira
REVELIM . Baluarte para artilharia situado fora do pano da muralha
RIBAT . Fortificação geralmente construída na fronteira das zonas islamizadas, com a função de acolher místicos islâmicos nos seus retidos e soldados envolvidos nas acções de islamização, e proteger as principais vias de comunicação. O termo ribat está na origem da palavra arrábida
RIMANCES . Pequenos cantos épicos populares, enraizados na tradição oral, que relatam histórias mouriscas
ROMANCE . Língua também chamada de Românica Peninsular, que resulta da mistura do latim vulgar, falado pelos soldados romanos, com os dialectos locais existentes na Península Ibérica à data da sua ocupação. É a origem do Português e das restantes línguas Ibéricas
ROQUEIRO . Rochoso
RUSS . Nome dado pelos Andaluses aos Vikings Suecos
SADIDAS . Dinastia xerifiana com origem nas regiões do Sousse, Tafilalt e Vale do Draa, que desde 1511 proclama a guerra santa contra a presença portuguesa em Marrocos
SEFARDITAS . Termo usado para referir aos Judeus originários de Portugal e Espanha. A palavra tem origem na denominação hebraica para designar a Península Ibérica, Sefarad. Utilizam a língua sefardi, também chamada “judeu-espanhol” e “ladino”, como língua litúrgica
SENHORES DO ATLAS . Líderes tribais Amazigh do Alto Atlas
SKALA ou SQALA . Conjunto fortificado constituído por plataformas e torreões para colocação de artilharia com a função de defender uma zona portuária. Em Marrocos ficaram célebres as Skalas de Essaouira e de Casablanca, construídas no século XVIII pelo Sultão Sidi Mohamed Ben Abdellah com recurso a projectos e mão-de-obra especializada, sobretudo de cativos e renegados, mas também de técnicos contratados, caso dos genoveses
SOUK . Mercado
SPAHIS . Regimentos de cavalaria ligeira do exército francês, recrutados originalmente no seio das populações indígenas de Marrocos, Argélia e Tunisia
SUFISMO . O Sufismo é a via espiritual e mística do Islão, também chamada de Islão do coração ou Islão do amor, dado que os Sufis não se regem pela sua mente, mas pelos seus sentimentos. É Islão da inteligência, da tolerância e da busca do conhecimento. Para os Sufis toda a realidade comporta um aspecto exterior aparente e um aspecto interior escondido, ou seja gnóstico ou esotérico
TABELIÃO . Escrivão público, titular de cartório
TACHELHIT . Uma das três línguas Tamazight, falada no Alto Atlas e no Suss
TADELAKT . Revestimento tradicional composto de cal, areia fina e pó de pedra, pigmentado, apertado à talocha, barrado com sabão diluído em água, polido com um seixo e, opcionalmente, finalizado com uma camada de cera. É originário da Planície do Haouz, região de Marraquexe. A sua designação provém do Árabe “dlak”, que significa massajar ou amassar, dado que é uma argamassa tem de ser “apertada” para lhe ser retirado todo o ar existente no seu interior
TAMAZIGHT . Nome dado ao conjunto das línguas dos Amazigh. Em Marrocos existem três línguas Tamazight _ o Tachelhit falado pelos Chleuh, o Tamazight do Médio Atlas e o Tarifit falado no Rif. O Tamazight escreve-se com um alfabeto chamado Tifinagh, que tem origem no alfabeto Púnico, variante da escrita cuneiforme Fenícia
TÂNGER . Nome português da cidade de Tanja
TAOUAF . Movimento circular feito pelos religiosos em torno de um morabito
TARACENAS ou TERCENAS . Local onde se construíam, reparavam navios e guardavam apetrechos marítimos.
TARIQA . Palavra que significa via, caminho, doutrina ou método, utilizada para designar as confrarias místicas sufis muçulmanas
TEMPLARIOS . Ordem militar de cavalaria fundada em 1096 no rescaldo da primeira cruzada. A sua designação, Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, resulta do local onde originalmente se estabeleceram, o Monte do Templo em Jerusalém, onde existira o Templo de Salomão, e onde se ergue a atual Mesquita de Al-Aqsa, e do voto de pobreza e da fé em Cristo. Ordem iniciática, gnóstica, defensora dos valores da justiça, igualdade, defesa dos fracos e fraternidade. No século XIV a Ordem é pelo rei de França Filipe IV e pelo papa Clemente V, sendo muitos Templários condenados à morte pelo fogo
TENALHA (do Francês tenaille, significando “tenaz”) . Obra exterior de uma fortificação abaluartada, que consiste numa estrutura defensiva pouco relevada, com duas faces reentrantes. A tenalha é construída, no fosso, no exterior de uma cortina – entre os flancos de dois baluartes consecutivos – destinando-se a uma defesa avançada dos reparos.
Existem dois tipos de tenalhas: a tenalha simples e a tenalha composta (ou chapéu de bispo).
TERCELETE . Arco intermédio das abóbadas de cruzaria, constituindo uma nervura secundária de suporte da mesma
TERÇOS . O campo exterior à cidade era dividido em “terços” ou zonas defensivas e ofensivas com organização própria, confiadas a diferentes unidades militares. Significa também unidade militar composta por 12 companhias
TETUÃO . Nome português da cidade de Tetuan
TIMDOUAL . Viúvas e divorciadas Amazigh que procuram casamento no Moussem de Imilchil
TIRBATINE . Jovens virgens Amazigh que procuram casamento no Moussem de Imilchil
TIRO RASANTE . Tiro realizado com trajectória paralela a uma muralha, permitindo abranger terrenos situados próximos da mesma, e anular os ângulos mortos. O tiro rasante veio resolver o problema do tiro de proximidade, anteriormente apenas conseguido com a existência de canhoneiras na zona inferior dos baluartes, que os tornava muito vulneráveis
TORRE ALBARRÃ . Torre situada fora do pano da muralha e ligada a ela por um passadiço superior. O termo tem origem no árabe al-barran, que significa “exterior”
TORRE DE MENAGEM . Torre central de um castelo medieval, constituindo o seu principal ponto de observação do campo exterior e último reduto defensivo
TRABUCO . Arma de cerco empregada na Idade Média com a finalidade de esmagar os muros de alvenaria ou para atirar projéteis por cima deles, similar à catapulta. É chamado às vezes “trabuco de contrapeso”, para se distinguir de outra arma, o “trabuco de tração”, criado antes do trabuco de contrapeso
TRANQUEIRAS . Paliçadas de madeira colocadas em determinadas posições para evitar os ataques da cavalaria marroquina e permitir uma retirada em segurança a partir das atalaias. Em redor de Tânger existiam inúmeras tranqueiras, cada uma com o seu nome, como a Tranqueira dos Pomares, a Tranqueira das Canas, a Tranqueira Nova, a Tranqueira de Angera, a Tranqueira de Benamenim, a Tranqueira do Verde, a Tranqueira dos Três Paus, a Tranqueira da Lagem ou a Tranqueirinha
TROM . Pequeno canhão utilizado para tiro de salva
TRONEIRA . Abertura na muralha para disparo de artilharia ligeira ou arcabuzes
TUAREG . Povo nómada berbere que habita o Sahara central e o Sahel. Touareg significa abandonado ou errante. O seu verdadeiro nome é Imuhar, cujo significado é homens livres
VALADO . O mesmo que VALO
VALIDO . Favorito de um personagem importante
VALO . Amontoado de pedras colocado no terreno paralelamente às muralhas para servir de primeira linha de defesa
VARA . Unidade de medida de comprimento antiga, utilizada em vários países até à introdução do sistema métrico. Correspondia 10 pés de comprimento, equivalente a, aproximadamente, 2,96 metros
XARRACA (de Sharq) . Oriente
XEQUE (ou Saykh) . Cidadão respeitável
XAVECO . Embarcação de vela latina e remos, muito utilizada pelos corsários Norte-Africanos. O termo deriva do Árabe xabka, que significa rede
XERIFE . Termo derivado do árabe sharif ou nobre, designa os nobres Árabes descendentes do profeta Muhammad por via de um dos seus netos al-Hassan ben Ali e al-Husayn ben Ali
XEXUÃO . Nome português da cidade de Chefchauen
ZABUMBA . Zabun . Tambor (nome da cartola usada pelos saloios)
ZAGAIA . Lança curta de arremesso
ZAUÍA . Edifício religioso muçulmano ligado aos sufis ou misticistas islâmicos. Normalmente tem a sua origem num túmulo de um santo e congrega funções de retiro e meditação, escola Corânica e também de acolhimento a necessitados e soldados. As Zauias foram em muitos casos sedes da cavalaria espiritual islâmica, localizando-se junto às zonas de fronteira com as áreas cristãs. O termo zauia está na origem da palavra azóia
ZOUAVES . Unidades mistas de infantaria ligeira pertencentes ao Exército de Africa francês, criadas durante a conquista da Argélia, que incorporam tropas francesas e soldados norte-africanos
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É bom saber. Obrigado e cumprimentos