Castelo dos Mouros em Sintra
O título deste artigo levanta desde logo a questão de se saber se podemos falar de uma arquitectura do Gharb Al-Andalus, no fundo, de uma arquitectura de um Al-Andalus português. Se parece evidente que não, no sentido de conter uma identidade própria, entendendo-se o termo Arquitectura no seu conceito mais vasto, que abarca a organização do território, o urbanismo, as técnicas de construção, os conceitos espaciais, as características da própria arquitectura militar, religiosa e civil e os elementos construtivos e decorativos, também é verdade que a arquitectura portuguesa assimilou de forma diversa da espanhola muitos desses conceitos, sobretudo no urbanismo e em determinados aspectos de detalhe das construções, por exemplo na azulejaria.
Para a generalidade das pessoas é notória a diferença abismal entre o legado patrimonial edificado árabe de Espanha e de Portugal, não ao nível das suas características, mas da quantidade e qualidade dos testemunhos.
“Diferentemente da Espanha, entre nós resta um escasso espólio edificado, apesar de alguns magníficos castelos, da singela mesquita de Mértola ou do verdadeiro alcácer árabe que é o Palácio da Vila, em Sintra. Todavia, o trabalho arqueológico, pacientemente, vai levantando algumas pontas do véu que oculta os vestígios do esplendor do Gharb al-Andalus. Vários factores explicam o contraste com a vizinha Espanha, a nível de património edificado. Não podemos ignorar o carácter periférico do nosso território relativamente às grandes urbes andalusinas, entre as quais sobressaía Córdova, e com que as nossas cidades não podiam competir.” (ALVES, 2001, p. 25)
Para além deste caracter periférico do Portugal Árabe, terá tido influência no desaparecimento de muito do legado desse período no nosso território os efeitos dos sismos e a própria política de terra queimada praticada durante a chamada reconquista.