Gravura de Mazagão. Estudo da táctica à Vauban durante o cerco de 1769, Casa de Ínsua
A expansão em Marrocos
A expansão em Marrocos revelou-se particularmente complexa. O país era fortemente povoado por uma “população aguerrida e imbuída de uma doutrina motivadora” (LOPES, 1925: XXVII), o que inviabilizou uma ocupação do interior do território, permitindo apenas a criação de uma rede de praças-fortes na costa Atlântica. Isoladas umas das outras e sujeitas a um bloqueio terrestre, dependiam totalmente do mar, de onde eram abastecidas em termos de alimentos e de logística militar.
A rede de praças-fortes garantia a supremacia estratégica portuguesa no Mar dos Algarves e no Estreito de Gibraltar, e assegurava a segurança da circulação dos navios comerciais que traziam os escravos, o ouro e as especiarias a partir do Atlântico Sul. No quadro da sua gestão em território marroquino, a dita rede não era contínua, constituindo-se em duas áreas distintas, os chamados Marrocos Verde e Marrocos Amarelo (SANTOS 2009: 3), entre os quais se situava um hiato, uma área ocupada por várias bases de corsários, que garantiam ao Reino de Fez o acesso ao mar e mantinham viva a guerra do corso e a ameaça permanente à navegação europeia e à segurança da costa de Portugal.