O Rio Mocazím a montante do local da Fortaleza da Graciosa
Larache era no início do século XV um importante porto de corsários do Norte de Marrocos, que atacavam a navegação portuguesa e faziam razias nas costas do Algarve. No ano de 1417 uma força Portuguesa saída de Ceuta destrói a cidade, que ficaria abandonada temporariamente, sendo repovoada posteriormente, mas não fortificada. Após a conquista de Arzila em 1471, Larache volta a ser abandonada pelos seus habitantes, com medo de eventuais ataques Portugueses.
Portugal comete então dois erros estratégicos que teriam consequências negativas para a própria consolidação das posições que ocupava então no Norte de Marrocos. Por um lado, não ocupa Larache, tarefa simples pelo facto de o poder fazer sem resistência e que permitiria controlar a barra do Rio Lucos e um importante porto de abrigo. Por outro lado, decide construir uma fortaleza numa ilha do Rio Lucos, no interior do território, 15 km a montante da sua foz, num local insalubre, apenas acessível durante o Inverno e, consequentemente, sem condições de abastecimento e socorro.
As obras da fortaleza iniciam-se na primavera de 1489, mas nunca seriam acabadas.
Larache
O ataque de 1417 a Larache fora rápido e letal, já que os portugueses entraram facilmente na Vila derrubando parte das suas muralhas e a mortandade foi grande. “Ali se podiam ouvir brados, e gemidos dolorosos, que davam aqueles, que os golpes recebiam, e de si sangue corria por cada parte, por cuja míngua os corpos frios do natural calor caiam estendidos por aquelas ruas; e como a mortandade fosse grande, ainda seria muito maior, se os Mouros não tivessem acordo de se recolher ao Castelo, e dai fugir logo por uma porta da traição, que aquela Fortaleza tinha”. O saque foi muito grande e ainda foram aprisionados 24 mouros que não conseguiram fugir. A Vila e o Castelo foram no final incendiados, todo o gado e os cavalos que encontraram foram mortos. (ZURARA, [1463] 2015, p. [400-406] 196-206)
Posteriormente, a violência utilizada na conquista de Arzila em 1471 “encheu de pavor Marrocos, de norte a sul” (LOPES, [1937] 1989, p. 26), de tal forma que as populações das duas cidades vizinhas, Tânger e Larache, abandonaram as suas cidades, tendo os Portugueses ocupado Tânger no espaço de uma semana.
No ano de 1489, prosseguindo a política expansionista no País, D. João II manda iniciar a construção da Fortaleza da Graciosa, tendo enviado “sucessivamente duas frotas com gente, pedra e madeira para fazer numa ilha – a Graciosa – algumas léguas acima de Larache, no rio Lucos, abaixo da sua confluência com o Mocazim, o rio da Ponte, como os nossos lhe chamavam, por motivo de uma ponte romana sobre ele, no caminho de Arzila a Alcácer Quibir”. (LOPES, [1937] 1989, p. 27)
Neste local de confluência do Rio Lucos ou Oued Loukkos com o Rio Mocazím ou Oued El-Makhazen, seria travada, 89 anos depois, a Batalha de Alcácer-Quibir. A escolha deste local para implantar a fortaleza pretendia marcar a fronteira estabelecida no acordo de paz vigente entre os reinos de Portugal e de Fez desde 1471 e cortar a ligação fluvial entre Alcácer-Quibir e Larache.
Leão O Africano chama à Graciosa Gezira, do Árabe Ilha, confirmando desta forma a sua construção numa ilha do Rio Lucos, referindo que “no ano oitenta da hégira o rei de Portugal enviou uma forte armada, que o seu capitão assim que conduziu até ao rio, começou a fabricar uma fortaleza na ilha, partindo do princípio que a partir dela, se poderia descobrir e ocupar todos os campos próximos”. (LÉON L’AFRICAIN, [1530] 1897, Vol. II, p. 233)
Localização da Fortaleza da Graciosa
A construção foi confiada a Gaspar Jusarte, que no início do mês de Março comanda a primeira armada. Em Maio, D. Pedro de Castelo Branco comanda a segunda armada, na qual ia também Diogo Fernandes de Almeida, futuro capitão da fortaleza. O processo de construção foi sempre acompanhado de ataques das tribos locais, culminando com um cerco que obrigou à rendição dos portugueses.
“Começou logo a Vila, e Fortaleza, a lugares com fundamentos de pedra, e cal, e nos mais de valos, e fortes paliçadas de madeira”. (PINA, [15–] 1792, Cap. XXXVIII, p. 97)
Apesar de se encontrar em vigor o Tratado de Paz assinado em 1471 entre D. Afonso V e Mulai Ech-Cheikh, o local estava na sua fronteira, sendo reclamado pelos Portugueses e pelos Marroquinos, mas a questão decisiva que se colocava a Marrocos era a de que o controlo da navegação no Rio Lucos, mesmo que sazonal, constituía uma ocupação do interior do território, que ameaçava a segurança de Alcácer-Quibir, a grande base avançada do Reino de Fez, e a sua ligação com o Mar.
Larache
As forças Portuguesas foram rapidamente combatidas pelo Rei de Fez, que utilizou meios militares consideráveis, como refere Rui de Pina, escrevendo que “o dito Rei de Fez veio em pessoa, e com ele também Moe-Heia seu filho maior, que com quarenta mil de cavalo, e outra gente de pé sem conta, puseram cerco de todas as partes à dita Vila, em que também não deixaram o Rio livre de uma banda, nem da outra contra a foz; para que de terra impedissem qualquer socorro, que aos Cristãos por ele fosse”. (PINA, [15–] 1792, Cap. XXXVIII, p. 97)
Leão O Africano afirma que, apesar da superioridade numérica, as forças de Marrocos não se conseguiram aproximar menos de duas léguas dos Portugueses devido ao poder de fogo da nossa artilharia “com a qual os Portugueses dia e noite não paravam de disparar, causando uma grande mortandade, o que levou quase o rei ao desespero”. (LÉON L’AFRICAIN, [1530] 1897, Vol. II, p. 233-234)
Durante o cerco, Gaspar Jusarte adoeceu devido à insalubridade do local, bem como o capitão da fortaleza, D. João de Sousa, tendo então sido nomeado pelos fidalgos seu substituto no lugar de capitão D. Diogo de Almeida. Rui de Pina também fala do poder de fogo dos Portugueses. O cerco imposto pelo Rei de Fez foi defendido a custo e com recurso à artilharia disponível, que causou baixas no inimigo, tendo as tropas marroquinas alargado o seu perímetro e concentrando-se no bloqueio do acesso ao local, através da colocação no leito do rio de “uma forte estacada dobrada, cheia no meio de cestos de pedra, para que o Rio, para navios grandes, nem para barcos pequenos, para cima contra a Vila se não pudesse navegar, com que os Cristãos fossem de socorro, e provimento de água desesperados de todo”. (PINA, [15–] 1792, Cap. XXXVIII, p. 98-99)
O Rio Mocazím
Luis de Marmol y Carvajal conta que os mouros encontraram um processo engenhoso de derrotar a armada portuguesa sem perder um só homem, tendo em conta a poderosa artilharia de que os navios dispunham, processo que foi proposto por um renegado ao serviço do Rei de Fez. Cortaram muita madeira proveniente das árvores existentes nas margens do rio e com ela fizeram um dique meia légua a jusante do local onde se processava a construção, que bloqueou a passagem dos navios, ficando o local isolado. (MARMOL Y CARVAJAL, [1573] 1667, Tomo II, p. 214)
Leão O Africano, apesar de falar de “grande mortandade”, confirma que a colocação da barreira de madeira e pedras no leito do rio foi decisiva para o desfecho da contenda. A colocação de artilharia nas margens do rio foi o golpe de misericórdia na resistência Portuguesa. Ainda foi enviada uma força de vinte navios de Tavira para tentar salvar a Graciosa, mas em vão.
A muralha de Arzila
O Rei de Fez aceitou a rendição e deixou partir todos os Portugueses “por recompensa do bom tratamento que o Rei de Portugal tinha dado aos seus filhos, quando estiveram prisioneiros”, ou seja, após a conquista de Arzila em 1471. (MARMOL Y CARVAJAL, [1573] 1667, Tomo II, p. 214)
Os termos da rendição Portuguesa incluíram não só a confirmação do tratado de paz em vigor, como a entrega ao Alcaide de Alcácer Quibir, Cide Talha Laroçi, das terras régias “de Beniarroz e Benamancumaa com todas suas entradas, saídas, fontes, montados, pacigos (pastagens), foros, rendas, direitos, tributos e pertenças”. Por sua vez, Talha Laroçi seria um aliado de Portugal contra todos os que contra nós fizessem guerra, desde que não fossem súbditos de Mulai Ech-Cheikh, “que fazendo nossos capitães guerra a alguns lugares e terras das nossas por qualquer maneira que seja, ou alevantando-se alguns contra nós ou lhe nós quisermos mandar fazer guerra que ele o faça assim tão compridamente, leal e fielmente como o faria cada um de nossos capitães. E assim fará a guerra a Barraxe ou a quaisquer outros que não forem da terra de Moleyxeque quando a nós cumprir e for requerido pelos ditos nossos capitães que a faça”. (LOPES, 1925, p. 80, citação de Chancelaria de D. João II; Liv. 16, fl. 97 v, -98 v.)
Desta forma Portugal consegue, como contrapartida pela rendição e entrega das tais terras régias, um acordo que colocava do seu lado o Rei de Fez e o Alcaide de Alcácer-Quibir contra as investidas do principal opositor à presença Portuguesa no Norte de Marrocos, Mulai Ali Berrechid, o Barraxe das crónicas, Alcaide de Chefchauen, e líder dos mouriscos que fustigavam sobretudo os campos de Tânger e Arzila, e entre os quais se contava Sidi Ali Al-Mandarí, o Almendarim das crónicas, Alcaide de Tetuan.
Chefchauen ou Xexuão, principal base da luta contra a presença Portuguesa no Norte de Marrocos
Bernardo Rodrigues refere-se aos termos da rendição lembrando a amizade entre Mulai Ech-Cheikh e D. Afonso V, e, por simpatia, ao seu filho D. João II, como o factor determinante que salvou a vida a muitos portugueses:
“Mulei Xeque (…) era rei agradecido, foi sempre amigo e obrigado a el-rei Dom Afonso, e por esta razão a el-rei Dom João o segundo, seu filho; e pareceu ser assim no feito da Graciosa ou vila que o dito rei Dom João mandou fazer três léguas acima polo rio de Larache e outras três de Alcácer Quebir, disse que, pelo benefício d’el-rei Dom Afonso, os deixava que se viessem a Arzila e lhe deixassem a terra, e assim se fez.” (RODRIGUES, [156-] 1915, Tomo I, p. 495-496)
Afonso de Albuquerque, futuro Vice-Rei da India, e seu irmão Martim de Albuquerque, combateram na defesa da Graciosa, tendo o último ali falecido. Trinta anos após a rendição portuguesa, o cronista Bernardo Rodrigues encontrou as ruínas da Graciosa no local e escreveu esta frase crítica:
“Mas eu, como hei visto este lugar ou edifício e hei monteado nele e morto alguns porcos e vi a causa e o erro de nossos pais, me recolho e não digo neste caso nada, pois vemos agora outros maiores erros feitos cada dia uns sobre outros.” (RODRIGUES, [156-] 1915, Tomo I, p.496)
Em 1940 foram referenciados os vestígios da Fortaleza da Graciosa por uma equipa de arqueólogos:
“Uma campanha arqueológica de 1940 revelou fundações e arranques de um muro pontuado regularmente por torreões ou baluartes semicirculares, de planta em U, manifestação de uma resposta edificadora rápida para tão breve tempo de permanência”. (CORREIA, 2008, p. 320)
As muralhas de Larache
Após a tentativa falhada da Graciosa o Sultão de Fez Mohamed El-Bortughali tem planos para fortificar a barra do Rio Lucos, começando por repovoar Larache e dotar a cidade de uma cintura de muralhas. David Lopes refere que após o desastre da Graciosa os mouros perceberam a importância estratégica de Larache e voltaram a povoá-la e fortificá-la:
“Foi depois deste percalço da Graciosa que os mouros viram a importância militar de Larache e o povoaram e muraram, tornando-o padrasto de Arzila.” (LOPES, [1937] 1989, p. 27)
Filipe Themudo Barata atribui a construção das duas fortalezas ao período que seguiu a Batalha de Alcácer-Quibir e a sua autoria a um “engenheiro italiano trabalhando para o rei português”, referindo que “todos os testemunhos o indicam e as formas e técnicas construtivas o comprovarão”, acrescentando que “uma das mais antigas plantas de Larache é de finais do século XVI e da autoria de outro português, João Mateo Benedetti” (BARATA, 2012, página electrónica citada).
O Forte Laqbibat ou das Cúpulas
O Forte das Cúpulas ou Laqbibat, também conhecido como Hisn El-Fath, ou Forte da Vitória, terá sido construído antes de Alcácer-Quibir, como atestam as declarações de António Saldanha e conforme representação da Planta de João Mateo Benedetti. Segundo António de Saldanha, na sua Cronica de Almançor Sultão de Marrocos, escrita após a Batalha de Alcácer-Quibir, refere o seguinte a propósito das fortalezas de Larache, o que prova que a cidade já dispunha de uma fortaleza nessa data, a que chama velha, precisamente o Forte das Cúpulas, já que é a fortaleza situada na barra do rio:
“E com toda a brevidade mandou ao alcaide Mansorico que fosse a Larache fazer a fortaleza nova e fortificar a velha que estava na barra, que tudo se fez em seis meses, e lhe deixou sessenta peças de artilharia de bronze e trezentos soldados de guarnição.” (SALDANHA, 1997, p. 105)
Eloufrani refere que Al-Mansur edificou duas fortificações, parecendo assim razoável admitir que uma dessas obras fosse a reconstrução de um forte já existente:
“De entre as construções erigidas por Elmansour, podemos ainda citar os dois fortes construídos em Larache, e dos quais um tem o nome de Hisn-elfath; são duas magníficas e sólidas obras”. (ELOUFRANI, 1889, p. 261)
Um dos baluartes do Forte Laqbibat ou das Cúpulas
O Forte das Cúpulas, Laqbibat, Hisn El-Fath (Castelo da Conquista), Castelo Português ou de San António, como lhe chamariam os espanhóis, que defende a entrada da barra do Rio Lucos tem uma planta quadrangular, com baluartes pentagonais providos de orelhões nos quatro cantos com guaritas circulares cobertas por cúpulas e daí a sua designação de Forte das Cúpulas.
António Almagro refere que o Forte das cúpulas foi construído “possivelmente no local de uma anterior fortificação Oatácida. A tipologia da actual construção dificulta atribuí-la a esse período” (ALMAGRO, 2017, p. 110). Ou seja, segundo este autor, é evidente a modernidade do Forte das Cúpulas, mas é também provável a sua ligação à Dinastia Oatácida, o que confirma a teoria da sua pré-existência relativamente à Batalha de Alcácer-Quibir.
Planta de Larache de João Mateo Benedetti, início do século XVII . Arquivo Nacional Torre do Tombo
A Planta de Larache de João Mateo Benedetti de 1607, oferecida ao Rei D. João IV por Frei Luís da Natividade, vem confirmar este facto, já que apenas representa o Forte das Cúpulas (letra C da legenda) e as Muralhas da cidade, onde “habitam 300 vizinhos cujas casas são cobertas de palha” (letra G da legenda), como fortificações existentes à data. No verso da Planta está escrito o seguinte:
“Planta de Larache feita por João Mateo Benedetti a sua Magestade Catoliqua muito antes de […] em poder de cristãos em Africa.” (FARINHA, 1987, p. 7)
Na legenda consta também uma referência a outra torre ou castelo (referenciada com a letra F), situada na costa a Sul de Larache e que teria um pequeno ancoradouro:
“É a Torre dos Genoveses desde a qual para a parte de meio dia se vai o campo abaixando perpendicular perto de 41 estádios e por sua distância mil e quinhentos passos em a qual Torre ou Castelo há desembarcadouro e no cabo dos mil e quinhentos passos é tudo sítio plano por aquella parte.” (FARINHA, 1987, p. 7)
Esta Torre dos Genoveses está referenciada na obra Esmeraldo de Situ Orbis de Duarte Pacheco Pereira com a seguinte descrição:
“E os sinais para conhecer este Rio (o Rio de Larache, ou seja, o Rio Lucos) são eles da banda do sudoeste está um castelo que se chama dos genoveses que por ser muito branco parece vela de nau.” (PEREIRA, [15–] 1982, p. 25)
O Forte Laqáliq ou das Cegonhas
O Forte Cegonhas, Hisn Laqáliq, Hisn El-Nasr (Castelo da Vitória), Castillo de Santa Maria ou de Nuestra Señora de Africa defende a medina do lado de terra e tem uma invulgar planta triangular, encontrando-se implantado junto a uma torre designada Torre do Judeu, que apresenta um escudo com as armas de Portugal. Este forte seria a fortaleza que o Alcaide Mansorico teria a incumbência de construir de raiz. É uma fortificação típica do século XVI, com os seus baluartes pentagonais providos de orelhões, muito ao gosto do estilo do Renascimento.
Almagro refere sobre este forte que “a sua construção deverá ser atribuída ao período da dominação Espanhola, quando o local era denominado Castillo de Santa Maria ou de Nuestra Señora de Africa” (ALMAGRO, 2017, p. 114), o que contradiz aquilo que foi referido até agora e suporta as suas afirmações com uma análise arquitectónica do imóvel.
O Forte Laqáliq ou das Cegonhas
Como conclusão diremos que o rumo dos acontecimentos posteriores à conquista de Arzila e subsequente abandono de Larache pela população mostraram que a Coroa Portuguesa deveria ter investido seriamente na ocupação e fortificação dessa Vila, em vez de se lançar numa aventura condenada ao fracasso, que foi a da tentativa de construção da Fortaleza da Graciosa. Aliás, refira-se que era intenção fazê-lo, já que D. Afonso V doa em 1473 a Vila de Larache a D. Fernando, Duque de Guimarães, com o objectivo de a ocupar. (SOUSA, 1738, p. 418)
Sobre as duas fortalezas de Larache, podemos afirmar que, apesar da pré-existência de uma delas, com possível data na fortificação da Vila após o malogro da Graciosa, terão as duas a marca do Sultão Ahmed El-Mansur, com recurso a trabalho de renegados portugueses, uma delas reformulada e outra construída de raiz, sem prejuízo das posições de autores portugueses e espanhóis que reclamam para os seus países a construção do Forte das Cegonhas.
Muito obrigado pelo seu magnífico trabalho. Há muito que me dedico (por mera curiosidade) ao estudo da presença portuguesa em Marrocos e fiquei encantado com o seu exaustivo e detalhado (e polifacetado) conhecimento. Sou cidadão honorário de uma das Comunas de Safim e fiquei apaixonado pelo pequeno Castelo de Aguz na foz do Tansift. A sua singeleza faz lembrar a fortificação ideal de Da Vinci, na transição dos panos verticais para a defesa e uso pirobalístico. Igualzinho ao castelo artilheiro da fortificação de Vila Viçosa. Houve ocupação da Casbá Hamiduch na margem esquerda do rio? Que relação poderá haver com o Castelo Mascarenhas que alguns autores registam a par de Aguz (Suira Quedima)? Há algumas certezas quanto à origem portuguesa da torre arruinada na ponta de Diabet, a sul de Safim?
Desculpe as perguntas de supetão mas foi da excitação!
Saudações calorosas
J. Luís
Caro José Luís
Obrigado pelo seu comentário.
Por partes:
O Castelo de Aguz é do século XVI e a Casbah Hamidouch do século XVII. A presença portuguesa no local foi curtíssima (entre 1520 e 1525), pelo que nunca houve ocupação portuguesa da referida casbah. Para além disso, Aguz era uma fortaleza satélite de Safim, que por sua vez foi evacuada em 1542, ficando a presença de Portugal na região a partir desse ano reduzida a Mazagão.
O Castelo Mascarenhas é o Castelo de Aguz, assim designado por ter sido mandado construir pelo Governador de Safim, D. Nuno de Mascarenhas:
https://historiasdeportugalemarrocos.com/2015/04/26/o-castelo-de-aguz-no-pais-chiadma/
https://historiasdeportugalemarrocos.com/2017/06/02/o-castelo-de-aguz-em-perigo/
Quanto à torre de Diabat, penso que se refere ao Dar Sultan situado a Sul de Essaouira, que foi construído no século XVIII por Sidi Mohammed Ben Abdellah. De qualquer forma não existe nenhuma referência a qualquer torre portuguesa perto do Castelo Real de Mogador, que teve também uma vida efémera em mãos lusas:
https://historiasdeportugalemarrocos.com/2015/03/01/o-castelo-real-de-mogador/
https://historiasdeportugalemarrocos.com/2016/11/13/portugal-em-essaouira/
Cordiais saudações
Enhorabuena por el artículo y por la página web. Seguiré leyendo los demás artículos que usted escribe sobre Marruecos ya que estoy muy interesado en la geografía histórica, arquitectura y arqueología de ese país . Relativo al artículo sobre La Graciosa y Larache estoy muy de acuerdo con lo expuesto, como puede comprobar en un libro en el que, junto con Guillermo Duclos, he sido coautor sobre la Evolución Urbana de Larache, entre otros trabajos sobre esa ciudad (a través del Programa de Cooperación Internacional de la Junta de Andalucía, Espanha), que quizás pueda interesarle. He aquí el enlace:
http://www.juntadeandalucia.es/fomentoyvivienda/portal-web/web/servicios/publicaciones/239311
Reciba un cordial saludo:
Pedro Campos Jara
Licenciado en Geografía e Historia. Arqueólogo
Huelva
Obrigado pelo comentário e pelo link
Cumprimentos