O Estreito de Gibraltar, porta do Mediterrâneo
Entre os séculos XV e XVIII o Mediterrâneo, incluindo o chamado Mar dos Algarves ou Mar das Éguas, actual Golfo de Cádiz, estava pejado de corsários que faziam do tráfico de escravos o seu maior negócio. A actividade corsária envolvia meios consideráveis, em homens e navios, e garantia lucros fenomenais para os seus intervenientes, fosse nos valores dos resgates cobrados, fosse no aproveitamento da mão de obra escrava que assegurava.
O corso atraiu milhares de aventureiros em busca de riqueza fácil, que ajudaram a desenvolver as técnicas de navegação e construção naval, deu origem à concentração de um enorme número de cativos de diversas nacionalidades, que exigia a existência de grandes espaços para a sua concentração, criou um sistema de resgates com intermediários das mais diversas proveniências, e foi responsável por grandes movimentos populacionais, fossem populações deslocadas das áreas costeiras, fossem os chamados renegados, sobretudo europeus, que acabaram por se integrar nas sociedades Norte-Africanas.
Entre este conjunto extremamente dispare de pessoas, sobretudo daquelas que se encontravam “em trânsito”, se assim lhes podemos chamar, fossem corsários, fossem cativos das galés ou das masmorras, fossem ainda comerciantes, desenvolve-se uma linguagem mestiça, chamada Língua Franca, que permitia um entendimento entre os vários intervenientes, sem que fosse utilizada a língua materna de uns ou de outros. Continue Reading