Os campos da Duquela
As Praças-fortes portuguesas em Marrocos encontravam-se isoladas, rodeadas de inimigos, dependendo da metrópole ao nível dos abastecimentos. Portugal fazia esforços para celebrar acordos com os mouros que habitavam as áreas circundantes, garantindo-lhes protecção. Em troca, assegurava um clima de paz e cobrava tributos em espécie, não só em cereais e gado, vitais à sua sobrevivência, mas também assegurando a existência de um comércio por demais lucrativo. As tribos que aceitavam a vassalagem à Coroa Portuguesa eram chamadas Mouros de Pazes ou Mouros de Sinal.
A ocupação da costa de Marrocos por Portugal divide-se em duas zonas distintas, uma a Norte e outra a Sul, que alguns cronistas chamam Marrocos Verde e Marrocos Amarelo (SANTOS, 2007, p. 3), que se distinguem uma da outra não só pelo clima, geografia, tipo de culturas e criação de gado, como pelo próprio enquadramento político. Enquanto no Marrocos Verde o poder do Rei de Fez se faz sentir de forma centralizada, no Marrocos Amarelo existe autonomia das tribos Berberes, que gerem de forma independente o seu território. Esta diferença nas características da administração do próprio território determina também o relacionamento entre a sociedade marroquina e o ocupante português. Enquanto no Marrocos Verde o clima de guerra “institucionalizada” é interrompido momentaneamente pelo estabelecimento do acordo de paz de 1471, com as devidas reservas que os seus termos levantavam (LOPES, [1937] 1989, p. 26), no Marrocos Amarelo o relacionamento com os mouros de pazes faz-se, grosso modo, tribo a tribo, de forma instável, ganhando alguma estabilidade nos 6 anos da capitania do nunca está quedo Nuno Fernandes de Ataíde em Safim, que trouxe para o lado de Portugal um imenso território com milhares de quilómetros quadrados, que ficou conhecido como Protectorado da Duquela. Continue Reading