O autor deste blogue realizou um conjunto de cinco vídeos sobre a presença portuguesa em Marrocos para o Instituto Camões e a Embaixada de Portugal em Rabat, cujas versões em língua portuguesa e árabe se apresentam, encontrando-se em preparação uma outra versão, em língua francesa.
arquitectura da transição
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Após a conquista de Ceuta em 1415, Tânger torna-se uma obsessão para a coroa de Portugal. Em 1437 um grande e mal planeado ataque comandado pelo infante D. Henrique fracassa, constituindo um rude golpe para as aspirações portuguesas. A opção é então tomar Alcácer Ceguer, facto que ocorre em 1458, já no reinado de D. Afonso V. No ano de 1464 D. Afonso V faz uma nova tentativa para conquistar Tânger, seguida de outros ataques menores, todos sem sucesso. A tomada de Tânger revelava-se como difícil de concretizar.
“Em 1471 surgiu nova oportunidade: beneficiando de um clima de volubilidade política no reino de Fez, D. Afonso V depressa organizou uma expedição que, desta vez, visaria Arzila, uma cidade desprovida de um porto seguro mas dotada de uma fértil região agrícola. Subjugada Arzila tornar-se-ia muito mais fácil o cerco da cidade de Tânger pelo sul.” (DÁVILA, obra citada)
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O Castelo do Mar e o Porto de Safi
A cidade de Safi, a Safim portuguesa, é talvez a cidade de Marrocos com maior riqueza em termos de património de origem portuguesa, não fosse a capital de Portugal no Sul do país e principal base das ofensivas para subjugação do interior do território e da ilusão da conquista de Marraquexe.
Não obstante, é uma cidade pouco referida, pouco valorizada e pouco visitada, e que apresenta o património português mais degradado, inclusivamente em risco. Convergem para esta situação vários factores, como o seu caracter industrial, a sua não inclusão nos principais itinerários turísticos e a marginalização que Safi sofreu desde sempre e que poderá ter a ver com razões eminentemente políticas (NENO, 2015, p. 214-217), com uma certa mentalidade vigente anteriormente em Marrocos de vergonha em assumir o passado da ocupação estrangeira, ou inclusivamente se relacionar com o facto de ter sido a única cidade de Marrocos em que os seus habitantes viveram juntamente com o ocupante português.
Esta situação dá sinais de querer ser alterada, existindo um interesse especial por parte das autoridades da Région de Marrakech-Safi e da Délégation de Culture de Marrakech, juntamente com o apoio da Embaixada de Portugal, no sentido de a inverter. Continue Reading
O Baluarte de S. Cristóvão em Azamor
“Os nossos lugares em África eram praças de guerra. As suas muralhas conservadas até hoje – na maioria dos casos – atestam a sua solidez. Os seus moradores podiam dormir sossegados. Para as erguer não se pouparam os bons materiais, alguns deles vindos de Portugal, como a pedra de cantaria, a madeira e a cal. Trabalharam nelas os melhores artífices da metrópole e dirigiram-nas os melhores debuxadores e mestres de pedraria do tempo, nacionais ou estrangeiros.” (LOPES, [1937] 1989, p. 41)
O período da ocupação portuguesa da costa de Marrocos coincide com uma época em que as técnicas de defesa militar se alteram radicalmente, fruto da generalização da utilização da pólvora. Fortemente influenciados pelo modelo vanguardista italiano, os debuxadores portugueses puseram em prática nas Praças de Marrocos os princípios inovadores da transição da neurobalística para a pirobalística e Marrocos foi um autêntico laboratório onde essas técnicas foram experimentadas. O contributo português para o desenvolvimento da Arquitectura Militar foi inegável. Continue Reading