“Pelas 9 ½ horas da manhã do predicto 1º de Novembro, estando o dia claro e sereno como de estio, vento N. O., ouviu-se um grande trovão surdo; logo passado 3 ou 4 minutos principiou a tremer a terra com espantosa violência; o mar recolheu-se em parte mais de 20 braças, deixando as praias em seco; e arremetendo imediatamente para a terra com tamanho ímpeto, entrou por ela dentro mais de uma légua, sobrepujando as mais altas rochas; tornando a retrair-se e rompendo por mais três vezes dentro de poucos minutos, arrasando no fluxo e refluxo enormes massas de penhascos e edifícios; e deixando por isso arrazadas quase todas as povoações marítimas.” (Texto retirado das Memórias Paroquiais, in SOUSA, 1919)
Os acontecimentos terríveis ocorridos nessa manhã do primeiro de Novembro de 1755 marcaram para sempre o futuro da cidade de Lagos. A capital do Algarve, sede dos Descobrimentos Portugueses e conjunto edificado de valor inestimável é reduzida a escombros.
O temor pelos fenómenos incompreendidos e a vontade de esquecer as catástrofes votou esta data ao esquecimento. A memória colectiva prefere fazer de conta que nunca aconteceu, como se assim o terramoto não voltasse. Mas o terramoto está aí, adormecido, e um dia acordará e voltará a fazer sentir os seus efeitos. Continue Reading