Este artigo foi actualizado no link seguinte:
Alcácer Ceguer, a cidade redonda


A Casbah de Tânger, ou castelo daquela cidade, património de inegável valor arquitectónico, encontra-se numa situação deplorável. A sua fachada Norte colapsou parcialmente e está em risco de ruína total, ameaçando derrocada.
O imóvel integra-se na cintura de muralhas construída pelos portugueses durante os quase 200 anos em que aí permaneceram, resultado da reformulação da antiga cerca que já existia desde o século XII. A Casbah foi implantada no ponto mais alto da cidade, em situação sobranceira em relação à Medina, desfrutando de uma vista panorâmica sobre o Estreito de Gibraltar.
A falta de conservação e a instabilidade do talude em que assenta, são factores determinantes para a situação crítica a que a Casbah chegou. Continue Reading

A Mesquita Hassan II em Casablanca
No ano de 1468 uma armada portuguesa aportava em Anafé para uma missão punitiva. Anafé era uma base de corsários mouros particularmente activos em ataques a navios de Portugal e incursões de saque nas costas do Algarve. Os resultados da intervenção portuguesa foram devastadores para a cidade, que foi arrasada e assim permaneceu por mais de três séculos.
Durante esse período Anafé teve uma ocupação precária e esporádica, sendo utilizada por tribos nómadas que nas suas ruínas procuravam abrigo sazonal e por corsários oriundos de Salé, que a utilizavam como base para as suas operações de pirataria e para “acolhimento” de cativos europeus. Nas colunas da sua prisão, conhecida por “Prisão Portuguesa”, foram encontradas inscrições com caracteres latinos, testemunhos desse período de guerra naval que opôs europeus e norte-africanos, e que escravizou milhares de indivíduos de ambos os lados. Continue Reading

Os testemunhos da presença portuguesa em Marrocos localizam-se na costa do Estreito de Gibraltar e na costa do Oceano Atlântico, não existindo provas ou evidências concretas que confirmem uma presença também na costa Mediterrânica.
Apesar disso, existem referências contraditórias em relação a determinados locais da costa do Mediterrâneo, que alguns autores defendem ter origem portuguesa, afirmação desmentida por outros, mas que as recentes intervenções arqueológicas, acções de reabilitação e estudos das fontes têm contribuído para esclarecer. Um desses locais é o Castelo de Beni Boufrah, normalmente conhecido como Torres de Alcalá ou Qal’a al-Sanhaja, uma fortaleza situada no cimo de uma colina sobranceira ao mar localizada nas proximidades do Peñon Velez de la Gomera, o Rochedo Beles das crónicas portuguesas.
Este artigo pretende ser mais um contributo para o esclarecimento da história desta fortaleza e da polémica em que tem estado envolvida. Continue Reading

O tema da influência portuguesa em Marrocos ultrapassa em muito os simples testemunhos edificados, assumindo aspectos pouco esclarecidos, por vezes mesmo desconcertantes, mas sobretudo pouco estudados.
Existe uma conotação do português com o inexplicável, com diversos mitos que fazem parte do imaginário marroquino, por razões mais ou menos compreensíveis, às quais não serão alheios os factos de se encontrarem enraizados em comunidades rurais, com base em histórias com origem suficientemente remota para darem largas à imaginação popular, mas de memória suficientemente recente para que os mais idosos as transmitam de geração em geração.
Podemos dizer que o mito do português L-Bartqiz, com surpreendentes referências a habitantes portugueses de grutas nos confins do deserto ou nas montanhas mais inacessíveis, a autores de pinturas rupestres em tempos imemoriais, a pontes construídas em locais longínquos que os portugueses nunca ocuparam, a prisões de cativos portugueses e até a uma condessa sedutora com pés de camelo, é tão fascinante para o senso comum marroquino, como o mito das mouras encantadas, dos piratas ou dos tapetes voadores é para o senso comum português. Continue Reading

Corsários de Salé numa foto de 1944
Após a conquista cristã do Al-Andalus, as condições de vida dos muçulmanos tornam-se progressivamente cada vez mais difíceis, perdendo todos os seus direitos e liberdades, culminando com as perseguições, as conversões forçadas e as expulsões.
“Não há dúvida que os muçulmanos capitularam, mas muitos deles permaneceram no território, constituindo uma comunidade numerosa e resistente. Apesar dos esforços dos cristãos, continuam profundamente ligados ao Islão.” (VINCENT, 1981, 0bra citada)
As condições duríssimas em que os mouriscos resistem e a própria fatalidade que marca o seu destino, originam que a sua resistência tenha um carácter extremamente clandestino e desesperado, marcado pelo ambiente de terror em que viviam.
Muitos deles, os que optam pela luta armada contra os cristãos, aderem ao chamado “bandoleirismo mourisco”, de carácter violento e marginal, organizando-se em três grupos distintos _ Corsários, Mânfios e Gandulos. Continue Reading

Durante o século XV os portugueses eram tidos como os maiores corsários da cristandade, actividade considerada nobre e honrada e apoiada pela família real. O corso era muito mais do que simples pirataria. Cumpria um papel determinante na defesa da costa Sul de Portugal e da navegação, sem encargos para o estado, que recebia parte dos lucros arrecadados. O corsário não era apenas um pirata, mas uma espécie de guerrilheiro do mar, que defendia os interesses estratégicos do país, preenchendo a lacuna da falta de uma marinha de guerra eficaz. A versatilidade dos navios corsários tinha uma grande eficiência no combate à pirataria inimiga e o caracter não oficial do corso desresponsabilizava a coroa dos actos por si cometidos.
Com a conquista de Ceuta, Portugal passa a controlar a navegação no Estreito de Gibraltar e afirma-se perante Castela como a grande potência naval da região. Este facto, aliado à necessidade de proteger os cada vez mais numerosos comboios de navios mercantes dos assaltos dos corsários Norte Africanos, origina um incremento do corso português, que esteve na génese dos próprios Descobrimentos. Continue Reading

As Muralhas Reais de Ceuta
“A tomada de Ceuta, em 1415, marcou, não só o início da expansão ultramarina, mas também o ponto de viragem na política de degredo. Isso porque a conquista de Ceuta assinala o início do degredo colonial. Com ela, os portugueses davam início a uma prática que iria perdurar por cerca de 5 séculos: o envio de condenados para as franjas do império.” (TOMA, 2004, pág. 5)
Não é por acaso que Ceuta é apelidada frequentemente nos textos da época como o “presídio de Ceuta”. Ocupada essencialmente por militares, corsários e condenados, esvaziada da sua população nativa, privada de actividades comerciais e dependente de abastecimentos exteriores, a vida na cidade não se estruturava como numa comunidade urbana tradicional, com a agravante de se encontrar isolada do território rural circundante. Continue Reading

No seguimento da construção da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo Guer no ano de 1505, no local da actual cidade de Agadir, o capitão da praça João Lopes Sequeira, apoiado pela Coroa Portuguesa para fazer face às pretensões espanholas na zona, decide construir uma outra, alguns quilómetros mais a Norte, a que os portugueses chamaram Fortaleza de Ben Mirao ou Bom Mirão. O local escolhido foi um promontório situado na praia de Imourane, topónimo que está na origem do seu nome, junto à aldeia de Tamraght, um rochedo escarpado que entra 50 metros pelo mar adentro.
Local de forte rebentação e de difícil acesso, este rochedo, conhecido pelo nome de Rochedo do Diabo, encontra-se envolto em superstições e mistérios, e é palco todos os anos de um moussem que durante três dias atrai inúmeros visitantes e no qual se organiza um ritual que evoca uma curiosa lenda. Continue Reading
Este artigo foi revisto e actualizado no seguinte link:

O Vale de Tigrigra, entre El Hajeb e Azrou, local conhecido como “Paisagem de Ito”
“Os irumin (1) vieram, beberam na fonte do carvalho
Eles não têm medo, instalaram-se com cavalos e tendas
E dizem (às mulheres): seremos vizinhos!
Levanta-te Tuda, chama Izza e Itto
Cabe às mulheres pegar em armas
Mesmo que os homens sejam numerosos, é como se não existissem”
Poema amazigh encorajando as mulheres do Médio Atlas a pegar em armas contra os franceses (WIKIMAZIGH, página electrónica citada)
A poesia Amazigh (2) vem sendo preservada ao longo dos tempos através de um processo de transmissão oral, levado a cabo por homens mais ou menos iletrados que, percorrendo as aldeias e áreas rurais, levam até aos seus habitantes mais simples os saberes e fundamentos da cultura popular. São os “poetas da tribo”, que fortalecem os elos entre os seus membros, contribuindo para o reforço da sua identidade e ajudando a ultrapassar as dificuldades colectivas. Exaltam a coragem dos seus heróis, dão corpo aos rituais que celebram os acontecimentos do dia-a-dia e os ciclos da natureza. Continue Reading

Detalhe do Baluarte de S. Cristóvão em Azamor
“Portugal conservava os métodos construtivos, talvez por não sentir necessidade de modificar as estratégias e arquitecturas militares do reino, em situação estável. Só a expansão para outros domínios Além-mar mostrou a carência da evolução das formas de fortificação. Aí a ciência militar era constantemente testada, para deter a hostilidade latente de um inimigo muçulmano que cada vez se actualizava mais através dos contactos que também tinha com a vanguarda das artes da guerra.” (LOPES, 2009, pág.177)
No início do século XVI os portugueses levaram a cabo diversas obras de transformação nas fortificações conquistadas na costa de Marrocos, no período da transição da neurobalística para a pirobalística, introduzindo conceitos inovadores que contribuíram para o desenvolvimento da nova arquitectura militar do renascimento. Estas inovações foram protagonizadas por “debuxadores” como Diogo Boytac e Francisco Danzilho, mas sobretudo pelos irmãos Diogo e Francisco de Arruda, influenciados pelo modelo italiano, que constituía a vanguarda da época. As fortificações deste período ficaram conhecidas pelo nome de “fortificações da transição” e Marrocos foi uma espécie de laboratório onde os novos conceitos foram postos em prática. Continue Reading

Nos tempos da ocupação da costa de Marrocos pelos portugueses, há notícias do aparecimento nas Praças-Fortes de uma mulher misteriosa e extremamente bela, que seduzia, enfeitiçava e matava os homens com quem se cruzava. Essa mulher chamava-se Aicha Kandicha, a Condessa.
Condessa portuguesa ou moura encantada, Aicha tornou-se uma lenda e hoje faz parte do imaginário marroquino, como um demónio feminino que persegue e enlouquece os homens que andam sós na escuridão e castiga as crianças mal comportadas.
Esta figura de mulher imortal e demoníaca, uma Vénus com pés de camelo que atemoriza o imaginário da população, é objecto de culto em confrarias sufistas, que lhe pedem protecção contra os jnuns, espíritos maléficos, a invocam em transes e sessões de exorcismo. As moqqadema, mulheres com poderes curativos sobrenaturais, encarnam o seu espírito para dar respostas aos problemas dos seus pacientes. Continue Reading

Neste local esteve exposto o corpo de D. Fernando, o Infante Santo, após a sua morte no cativeiro em Fez, no seguimento da sua captura na batalha de Tânger de 1437. Inicialmente, durante quatro dias, foi pendurado pelos pés, nu, de cabeça para baixo. Posteriormente foi colocado dentro de um ataúde fixado à muralha através de duas vigas de madeira encastradas, “aonde esteve muito tempo, e fez nosso Senhor por ele muitos milagres.” (ALVARES, 1730, p. 303)
Os termos da rendição das forças portuguesas na praia de Tânger no ano de 1437, após 37 dias de combates pela conquista da cidade, foram estabelecidos no seguimento de negociações entre D. Henrique e Lazeraque, regente do sultão de Fez, conforme texto incluído na Crónica de El-Rei D. Duarte de Ruy de Pina:
“Que os mouros deixassem ir e embarcar livremente nos navios todos os cristãos com seus vestidos somente, e a eles ficasse o arraial com armas, cavalos e artilharias, e todas as outras coisas, e mais lhe fosse entregue a cidade de Ceuta com todos os mouros cativos que nela estivessem, e que ficassem em paz, a qual se obrigou o Infante que El-Rei desse por mar e por terra a toda a Berberia por cem anos; e para segurança dos cristãos, e que sem contradição os deixariam ir, deu Çalla Bemçalla um seu filho em poder do Infante, e pelo dito filho de Çalla Bemçalla ficaram reféns Pedro de Ataíde e João Gomes do Avelar, e Aires da Cunha, e Gomes da Cunha; e para segurança dos mouros, que Ceuta com os cativos lhe seriam entregues, se deu por refém em seu poder o Infante D. Fernando.” (PINA, [15–] 1901, p. 124-125)
Berbere de origem, nasceu na cidade de Tânger no ano de 1304, no seio de uma família abastada. Aos 21 anos de idade, ainda estudante de direito, parte para fazer a peregrinação a Meca e inicia uma aventura extraordinária.
Foi viajante, peregrino, explorador, embaixador, jurista, cortesão, conselheiro, geógrafo, escritor. A sua experiência ficou registada na obra Rihla, “Viagem”, precursora dos relatos de viagens (ou Rihlat) e tratados de geografia.
Escrevem alguns autores que durante os cerca de 30 anos em que viajou, Ibn Battuta percorreu mais de 120.000 Km pelos lugares mais longínquos e diversos, incluídos num território que hoje abarca 44 países, numa época em que a Terra era um mistério, as distâncias eram longas e viajar era uma aventura. Continue Reading
Um blogue sobre recriação do século XV tardio / A blog about late 15th century reenactment
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
Blogue de Fotografia e Escrita de Viagens
Sobre a cultura e tradições de Marrocos
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
MAR | TERRA | HISTÓRIA
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
L'HISTOIRE DE MAZAGAN A TRAVERS SON PATRIMOINE
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
Fès éternelle et mystérieuse
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
IL FAUT AUTOUR DE SOI POUR EXISTER DES REALITES QUI DURENT ( ST EXUPERY)
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
Histoire, Culture et Patrimoine
O Seu Portal de Entrada no Norte de África – Aventura em Privado ou em Grupo
Actualités d'Agadir, Tourisme, Manifestations, Revue de Presse
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
Just another WordPress.com weblog
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
Blog personal
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
Docente e Estudioso de Cultura Portuguesa e Espiritualidade Islâmica
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
la raíz oculta
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
Cor prudens possidebit scientiam
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula
sobre Património, História e outras histórias. Blogue de Frederico Mendes Paula