O Borj Nador, atalaia portuguesa da Praça de Safim, construída em 1510 na falésia de Sidi Bouzid
As praças-fortes portuguesas em Marrocos organizavam-se de modo a subsistir num contexto extremamente hostil, o que levou os portugueses a abri-las para o mar, de onde chegavam os abastecimentos e o auxílio militar, e voltando costas à terra, a fonte de todos os perigos. No entanto, as Praças não podiam viver totalmente dissociadas do território envolvente, pelo menos daquele que se encontrava mais próximo. Todas elas dispunham de um chamado Campo Exterior, área extramuros de utilização diurna, defendida por elementos construídos de carácter precário aliados a procedimentos rotineiros, onde se recolhia lenha, se desenvolvia uma agricultura de subsistência e onde o pouco gado podia pastar. Mas o campo exterior não era apenas isso, já que cumpria um papel muito importante enquanto escape à sensação de aprisionamento em que a população de encontrava, permitindo saídas fora de portas, especialmente necessárias para o equilíbrio psicológico dos habitantes.
Este texto aborda o campo exterior de três praças-fortes, Arzila, Tânger e Mazagão. A definição dos seus campos exteriores é o resultado do cruzamento de diversa informação, desde logo a análise do trabalho de Adolfo Guevara realizado sobre Arzila, a pesquiza de fontes bibliográficas, o estudo da cartografia disponível, a topografia do terreno, a toponímia e as evidências que os seus elementos deixaram nas cidades actuais ao nível do traçado urbano e de zonas homogéneas. Continue Reading